23 de dezembro de 2020
A essência da saúde é a medicina do estilo de vida

by:Giovanna Zattar

O que você vai ler aqui:

Há mais ou menos um ano resolvi parar para questionar o que eu sempre deixei a cultura ocidental, a indústria alimentícia e farmacêutica, o sistema de saúde como um todo e educacional construírem os meus pensamentos: O que é, de fato, ser saudável?

Comecei a questionar a base: por que vivemos em um universo de saúde tão reativo, no qual todos te esperam ter a doença para dizer o que você tem que fazer?

Na sequência, prescrevem os medicamentos químicos, os exames que encarecem a cadeia, os procedimentos cirúrgicos agressivos e com alto custo e peso emocional para todos.

O quão complexo é tratar um indivíduo com câncer? É, simplesmente, tratar?

Não… Todos nós sabemos que - independentemente de termos vivido ou não a doença ou presenciado ao nosso redor com alguém importante - uma doença crônica como essa simplesmente paralisa uma família e o paciente.

Esse tipo de doença também traz uma fragilidade emocional, exige atenção 24h/dia, demanda um corpo médico e altos custos para os hospitais, requer um alto investimento familiar e, apesar de tudo isso, tem um fim imprevisível. O melhor pode acontecer, mas o pior também.

Em seguida, se, felizmente, o caso foi finalizado com sucesso, qual é a reflexão que podemos ter? Sim, o melhor aconteceu, de fato! Mas o paciente está mais saudável?

 

A história realmente precisava ter sido assim?

Questionando mais e mais, eu descobri o inevitável: nunca houve tantos recursos para tratar da saúde - basta analisarmos todos os que são usados para o tratamento de doenças tão complexas quanto o câncer - mas, em paralelo, nunca houve tanta doença crônica proveniente da forma como vivemos hoje.

As evidências científicas mostram que 80% das doenças crônicas não transmissíveis, como o diabetes, o próprio câncer, doenças cardiovasculares, demência, e por aí vai… - no caso, as doenças que mais matam no mundo - poderiam ser evitadas por meio de pequenos ajustes do estilo de vida das pessoas.

Que ajustes são esses? Os mais básicos e baratos que você pode imaginar, mas que representam, de forma nua e crua, o que é - ou deveria ser - saúde: alimentação saudável e a base de plantas, atividade física regular, controle de estresse e de tóxicos (álcool, drogas e outros químicos), priorização do sono, e por aí vai.

Para deixar mais tangível, um estudo da European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition (EPIC), publicado no Archives of Internal Medicine, estudou a adesão de 23 mil pessoas a quatro comportamentos simples:

  1. Não fumar;
  2. Fazer exercícios 3,5 horas por semana;
  3. Ter uma alimentação saudável - frutas, vegetais, feijão, grãos inteiros, nozes, sementes e quantidades limitadas de carne;
  4. Manter um peso saudável (IMC <25).

Os que tinham esses comportamentos de forma consistente na rotina obtiveram um resultado surpreendente: 93% dos diabetes, 81% dos ataques cardíacos, 50% dos derrames e 36% de todos os cânceres foram prevenidos.

Uau =)

Mas, por que isso não é disseminado e promovido pelo mundo, inclusive nas economias mais ricas? Nos Estados Unidos, por exemplo, 78% dos custos de saúde são destinados ao tratamento dessas doenças crônicas não transmissíveis.

E aí, vem uma outra reflexão, além de um modelo reativo ser o mais infeliz possível para quem tem a doença, no qual, ao invés de se promover a saúde, espera-se que você a desenvolva, é extremamente insustentável financeiramente!

Você precisa descobrir a Medicina do Estilo de Vida!

O COVID-19 talvez tenha sido um divisor de águas em inúmeros aspectos. O problema é 100% o vírus, ou uma somatória de fatores que inclui o sistema imunológico da população? Quem são as pessoas que estão inseridas nos grupos de risco? Aqueles que, de alguma forma, já apresentam condições ou doenças crônicas?

Então, e se, há muitas décadas, já existisse um modelo de saúde muito mais baseado na promoção da saúde e bem-estar, na identificação e tratamento das causas, ao invés do tratamento de fatores de risco e sintomas?

Foi assim que descobri a essência da saúde, a Medicina do Estilo de Vida (MEV), uma medicina 100% baseada em evidências, ou seja, não é alternativa ou experimental, e mostra a saúde como um resultado do equilíbrio harmônico entre 6 pilares:

  • Alimentação;
  • Sono;
  • Manejo de estresse;
  • Relacionamentos;
  • Controle de tóxicos;
  • Atividade física.

Manter-se em equilíbrio com esses 6 pilares fazem o nosso organismos simplesmente atuar na prevenção, tratamento ou cura de doenças. Sim, é simples assim!

De acordo com o American College of Lifestyle Medicine, a proposta de valor que torna essa abordagem única é:

  • Permite que o corpo se proteja e se cure;
  • Promove escolhas saudáveis de estilo de vida;
  • Educa, orienta e apoia resultados positivos;
  • Atua na mudança de comportamento;
  • Incentiva a participação ativa do paciente;
  • Trata os problemas subjacentes relacionados ao estilo de vida;
  • Atua nas causas da doença;
  • Usa medicamentos como complemento às mudanças terapêuticas no dia a dia;
  • Considera a casa do paciente e o ambiente comunitário no qual está inserido.

Agora, vamos além! Vem comigo =)

Você notou que tudo o que eu trouxe aqui evidencia o poder que o meio e as nossas decisões diárias têm de moldar a nossa saúde? Em nenhum momento eu falei de genética!

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Outra falha cultural ruim que, em geral, nós estamos inseridos, é o fato de responsabilizar a genética por tudo. Desde inúmeros fatores da questão estética, às condições que podemos desenvolver ao longo da vida, como as doenças.

Então, uma história familiar ou predisposição genética a condições como diabetes, demência ou câncer pode fazer você se sentir fora de controle sobre o seu destino de saúde, mas, na verdade, você tem muito mais controle do que pensa.

Sim! A culpa não é da genética e eu vou te explicar o porquê!

De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), somente 10% das suas doenças são determinadas pela genética. Enquanto que, os 90% restantes, são determinadas pela epigenética, ou seja, o seu estilo de vida.

Esses 10% representam condições genéticas que vieram junto com o nosso nascimento e mostram que temos grandes chances de desenvolver uma doença. Isso também é conhecido como determinismo: os seus genes vão determinar algumas questões da sua vida.

Os 90% restantes funcionam sob a condição da epigenética, que nada mais é que o meio em que você vive mudando a expressão dos seus genes. E o que é o meio? O seu estilo de vida: o que eu venho trazendo ao longo de todo esse artigo!

Ou seja, às vezes podemos ter predisposição genética a uma doença específica. Isso quer dizer que vamos desenvolver a doença ao longo da vida? Não! Pois aí entra a epigenética.

Se temos um estilo de vida ruim, isso pode contribuir para o gene da doença ser ativado. Se temos um lifestyle saudável, o gene pode simplesmente permanecer inativo. Tudo isso para dizer que: a sua saúde depende de você!

E é muito mais fácil do que imaginávamos… Não são os procedimentos estéticos, as cirurgias complexas, as doses diárias de medicamentos, o checkup anual, os altos investimentos ou o projeto verão que vão fazer você ter saúde de forma leve, plena e simples, não são!

É a forma como você escolhe viver do momento que acorda, ao que vai dormir. E tudo isso parte do autoconhecimento, das reflexões que você faz quanto ao estilo de vida saudável que quer construir.

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Existe melhor caminho para uma rotina feliz do que esse? Na minha opinião, não!

Aliás, uma das linhas que a MEV mais acredita é a Saúde Positiva. Martin Seligman, diretor do Centro de Psicologia Positiva da Universidade da Pensilvânia, e um dos líderes nessa área, uma vez disse:

"As pessoas desejam o bem-estar por si só e o desejam acima e além do alívio de seu sofrimento."

Isso é inerente ao ser humano: nós queremos a leveza, a paz interior e o bem-estar. Queremos entender os mecanismos da saúde, ao invés de apenas os mecanismos da doença.

Portanto, a MEV é, então, a essência mais pura da Medicina, é as raízes que vem de milênios.
Como os médicos de milhares de anos atrás tratavam a saúde? Hipócrates, filósofo grego, inspira até hoje médicos da modernidade a simplificar a prática médica.

Em meio a tantas evidências, te pergunto, que outros motivos você precisa para levar a saúde como um estilo de vida para si mesmo e outras pessoas ao seu redor?

Esse não é um chamado para o abandono do modelo atual, mas sim um convite para desconstruirmos a nossa visão sobre saúde e buscar um equilíbrio!

Na Serena, nós desenhamos uma jornada personalizada junto a uma equipe multidisciplinar para você viver a sua saúde todos os dias, e não em momentos pontuais ao longo do ano para tratar sintomas.

A Serena e a Caffeine Army querem te mostrar, cada vez mais, que a saúde é uma jornada diária. Vamos juntos?

Autor:
Giovanna Zattar

Referências