“A maneira como ensinamos e estudamos é, em grande parte, uma mistura de teoria, tradição e intuição. Mas, nos últimos quarenta anos e mais, psicólogos cognitivos têm trabalhado para construir um corpo de evidências para esclarecer o que funciona e descobrir as estratégias que geram resultados ” - Make it Stik

Nascemos sedentos pelo aprendizado. Crianças são a maior prova de como o aprendizado faz parte do nosso autodesenvolvimento. A sua percepção e compreensão do mundo depende da forma como você correlaciona e processa os seus aprendizados.

Mas o que acontece? Na escola aprendemos a resposta para os problemas, mas não a arte de responder problemas. A escola utiliza o modelo industrial focado em distribuir informação sem ensiná-la de verdade. 

O grande problema disso é que não se leva em consideração a individualidade do ser. Pessoas são diferentes, existem diversas formas de aprender. E, ao invés de considerar habilidades, necessidades, gostos e interesses, todos recebem o mesmo conteúdo, na mesma velocidade, com o mesmo ritmo e são avaliados da mesma maneira.

Ou seja, desenvolvem habilidades iguais. E assim, o aprendizado se torna uma obrigação e a sua magia criada na infância se esvai aos ares.

Vou te contextualizar uma situação: Prova na sexta.

Você esperou até quando não poderia mais para começar a estudar. De repente faltam 2 dias para prova e você precisa assimilar 10 conteúdos de uma vez. Virou noites estudando, leu o material, grifou parágrafos e mais parágrafos, fez um resumo incrível, releu seus resumos 815 vezes.

Estava pronto. Sentiu-se uma grande potência: UMA MÁQUINA. Parabéns, tirou 10. E então, uma semana depois, te perguntaram algo sobre o tema da prova que você arrasou e você já não era mais capaz de lembrar.

Outra situação:

Você começa a fazer um curso e se dedica bastante. Até leu os livros intermináveis, grifou, fez resumos, entendeu tudo das aulas. 2 meses depois, te perguntam algo básico sobre aquele tema que você pagou uma grana pelo curso, se dedicou e então: não tinha menor ideia qual era a resposta. Sensação de que nunca estudou aquele conteúdo na vida.

Algo de errado não está certo, não é?

Você tem a sensação que estuda, estuda, mas nunca consegue se lembrar do conteúdo? Acha que tem um sério problema de aprendizado. Que precisa de suplementos, vitaminas e até mesmo remédios para conseguir estudar.

"Vai ver eu tenho TDAH (déficit de atenção), eu não consigo".

Se eu te disser que você a vida inteira estudou errado?

Aprendizagem Passiva x Ativa

Ninguém nos ensina na escola como estudar. Um vício errado é cultivado anos e anos. Aprender não pode ser um processo passivo! Professores, livros, textos, artigos são facilitadores do aprendizado, mas não são capazes de fazer mágica. Ninguém aprende por osmose e não há pílula mágica quando assunto é aprender.

A aprendizagem passiva promove habilidades de definição, descrição, escuta e escrita. Esse processo inicia o pensamento convergente, em que uma determinada pergunta normalmente tem apenas uma resposta certa. Os alunos estão menos envolvidos na experiência de aprendizagem.

E isso não funciona a longo prazo. A melhor forma de aprender um conteúdo de forma duradoura é estudando de forma ativa. Como assim? Estudar de forma ativa, nada mais é do que se envolver com a informação que está chegando até você, uma forma incrível de fazer isso é testando-se!

Os educadores há muito tempo observam que uma das melhores maneiras de aprender algo é ensinando a outra pessoa. Comece traduzindo as informações em suas próprias palavras. Este processo sozinho ajuda a solidificar novos conhecimentos em seu cérebro. 

A seguir, encontre uma maneira de compartilhar o que você aprendeu: pode ser escrevendo, contando para alguém, gravando para câmera. Quando você ensina, quem mais aprende é você mesmo.

Uma metanálise de 2013 avaliou três estudos que compararam 2 grupos. O primeiro grupo utilizando métodos passivos vs o segundo grupo utilizando métodos ativos de estudo. Melhora de 30% na performance.

A importância da criatividade na aprendizagem

O simples fato de estudar de maneira diferente da que você está habituado lhe custará menor tempo, maior rendimento e performance. Aprender a aprender é uma das chaves para liberdade e um passo para alta performance duradoura.

Precisamos de CRIATIVIDADE, de conexão entre conhecimento técnico, imaginação e sentimentos. Não há dúvida de que os computadores e robôs assumirão muitas tarefas que antes eram realizadas por pessoas, já parou para pensar nisso? 

Isso apresenta alguns desafios, mas também algumas grandes oportunidades. No passado, as pessoas gastavam muito tempo fazendo tarefas “semelhantes às de uma máquina”, seguindo regras e rotinas, passo a passo, repetidamente, para realizar um trabalho. 

À medida que os computadores e robôs assumem esse tipo de tarefa, as pessoas ficam livres para se concentrar em tarefas que exigem mais imaginação e criatividade. As pessoas sempre terão uma vantagem sobre as máquinas quando se trata de imaginação e criatividade.

Na era da Inteligência Artificial, o ritmo das mudanças continuará acelerado e nós teremos que voltar a aprender como humanos: COM FOCO NA CRIATIVIDADE. As crianças de hoje enfrentarão um fluxo interminável de situações desconhecidas, incertas e imprevisíveis. 

A chave para o sucesso e a felicidade será a capacidade de pensar e agir criativamente!

Você poderia dizer que a era da Inteligência Artificial “forçará” as pessoas a se concentrarem mais na criatividade. Mas vejo isso como uma oportunidade, não um problema. As atividades criativas trazem alegria, significado e propósito para a vida das pessoas. 

Focar na criatividade não é apenas um imperativo econômico, é também um caminho para a realização humana, uma oportunidade para os humanos serem mais humanos. Existem momentos que não há espaço para perda de tempo.

Esqueça de passar horas e horas estudando algo que em poucos instantes será esquecido, pois nosso cérebro não foi feito para armazenar informações e sim para criar. A criatividade é a base de um processo de aprendizado.

 “Mas, a menos que sejamos criadores, não estamos totalmente vivos. O que quero dizer com criadores? Não apenas artistas, cujos atos de criação são os óbvios de trabalhar com tinta de clary ou palavras. A criatividade é uma forma de viver a vida, não importa nossa vocação ou como ganhamos nosso sustento. A criatividade não se limita às artes, ou ter algum tipo de carreira importante. ” - Madeleine L'Engle

Além disso, devemos sempre lembrar que aprender é um processo extremamente linkado com o nosso sistema nervoso e com toda nossa fisiologia corporal. Então existem algumas atitudes que impactam no processo do aprendizado.

O corpo precisa estar funcionando bem para que você aprenda. Sono, atividade física, nutrição do estado emocional também fazem parte desse processo.

Dr. John J. Ratey, professor de Harvard, escreveu um livro chamado “Spark: The Revolutionary New Science of Exercise and the Brain”. Nesse livro ele conta que a atividade física contribui para o aprendizado em 3 frentes:

  1. Aumenta atenção e motivação;
  2. Prepara e incentiva as células nervosas a se conectarem umas às outras, que é a base para registrar novas informações;
  3. Estimula o desenvolvimento de novas células nervosas a partir de células-tronco no hipocampo.

Falando em nutrição, devemos lembrar que a inflamação do cérebro pode gerar danos na nossa capacidade cognitiva.

Ela pode ocorrer por diversos motivos, desde um vírus, a deficiência de vitamina D ou de ômega 3 até a disbiose intestinal, quando ocorre um desequilíbrio entre as bactérias probióticas e as bactérias patogênicas que produzem mais toxinas que podem chegar ao cérebro.

Consequências:

  • Declínio cognitivo;
  • Aumento do risco de doença crônica;
  • Vulnerabilidade a doenças neurais;
  • Redução da qualidade de vida.

Tornar-se um eterno aprendiz, mas que se preocupa em aprender de forma mais eficaz pode otimizar o tempo, melhorar a performance e trazer maior qualidade de vida.

Pode ser difícil no início, levar certo tempo e sempre requer prática e determinação para estabelecer novos hábitos, mas valerá a pena. Comece focalizando em apenas algumas dessas dicas para ver se você pode tirar mais proveito de sua próxima sessão de estudo.