Homem de ferro ou IRONMAN. A primeira vez que ouvi esse termo no esporte confesso que me senti entusiasmada, que aventura!

Em 1978, em Oahu – Havaí, 15 homens se reuniram para sanar uma dúvida: quem eram os atletas em melhor forma entre nadadores, ciclistas e corredores? A competição para responder à questão veio do comandante da marinha americana John Collins.

As distâncias do Ironman surgiram de três importantes provas havaianas: a travessia de 3,8km de natação de Waikiki, a corrida ciclística ao redor de Oahu (180km) e a tradicional maratona de Honolulu (42.195m). Quem terminasse a prova em primeiro lugar seria o “homem de ferro”.

Correr, nadar, pedalar. Correr 43km, nadar 3.8km, pedalar 180km. WOW! Como somos fãs de alta performance, precisamos parar e refletir sobre os HOMENS DE FERRO.

O termo homem de ferro me remete ao super-herói dos quadrinhos e da telona do cinema. Mas se você parar para pensar, o que é o ferro? O ferro é o metal com 95% de peso da produção mundial.

É indispensável devido ao seu baixo preço e característica de dureza, sendo utilizado em diversas construções para garantir estruturas FIRMES.

Além disso, o tal do ferro é encontrado em praticamente todos os seres vivos e cumpre numerosas e variadas funções. Somos cheios de ferro, até para transportar oxigênio no nosso corpo precisamos dessa molécula.

Então, após algumas reflexões, podemos entender que o HOMEM DE FERRO é aquele que possui DUREZA - capacidade de resistir ou suportar à pressão, adaptável e com múltiplas funções e habilidades corporais que vão além do convencional.

Você pode participar da prova Ironman, mas para ser um IRONMAN é preciso subir no pódio. E por que várias pessoas treinam duro, amam o esporte, se esforçam e não conquistam o título? Já pararam para pensar?

Em uma pesquisa publicada recentemente no The Journal of Expertise foram analisadas biografias de desenvolvimento de 16 atletas de super elite (campeões olímpicos e mundiais) contra 16 elites (competindo internacionalmente, mas não ganharam uma medalha). 

Este segundo grupo ainda é muito prático em seu esporte, eles podem muito bem ser os melhores do país no que fazem, mas eles não estão trazendo o brilho para casa. 

As biografias foram desenvolvidas a partir de entrevistas com os 32 atletas, seus treinadores e seus pais com o objetivo de identificar padrões em seu desenvolvimento. Então, o que eleva as super elites das elites?

O primeiro elemento observado em pesquisas anteriores e frequentemente vinculado ao conceito de crescimento pós-traumático, é que as super elites geralmente tiveram alguma experiência de vida negativa crítica e retrocessos de desempenho significativos ao longo do caminho. 

Os autores sugerem que seu esporte se torna uma atividade compensatória, um mecanismo de enfrentamento de sua dor. E saber lidar com a dor é parte de uma construção de performance.

Outro elemento chave foi o apoio de outras pessoas. Para um desenvolvimento de desempenho nos níveis mais altos, este estudo descobriu que ter um treinador que não apenas entenda as necessidades físicas do atleta, mas também as psicossociais são fundamentais. 

E esse apoio também pode vir dos pais. Os atletas de super elite não estão apenas recebendo os genes de seus pais, eles estão obtendo sua influência no local onde crescem. 

Olha que interessante, parece que as super elites tendem a nascer e crescer em locais com populações menores. Esses locais menores oferecem mais relacionamentos sociais de apoio e jogos físicos informais, mas talvez com menos equipes ou instalações especializadas, isso também significa que eles têm que esperar para se especializar em seu esporte, um discriminador adicional.

E para fechar, super atletas tem uma mentalidade de maestria. Eles querem 'ser o melhor que se pode ser' e isso é algo sobre o qual têm muito mais controle. Buscar a sua melhor versão. E o controle nos ajuda a ter um desempenho sob pressão.

Uma das coisas mais importantes que você precisa desenvolver como atleta é a habilidade de permanecer calmo e ter um bom desempenho sob pressão, mesmo nas circunstâncias mais caóticas. 

Um campeão é inabalável sob pressão, retém a capacidade de tomar boas decisões, pensar com clareza e atacar a tarefa que tem pela frente com confiança, entusiasmo e tenacidade. 

Com a respiração rítmica profunda, eles são capazes de controlar os sintomas de pressão e permanecer focados no processo, eles mantêm a consciência situacional para que possam tomar boas decisões no calor do momento.

Enfrentamos pressão em nosso dia a dia no trabalho, na escola, de familiares e amigos, mas é nas competições que os atletas podem sentir uma pressão incrivelmente alta. 

Quando atuam sob pressão, alguns atletas são esmagados, enquanto outros esmagam a competição, por que isso? Todo atleta sente alguma pressão durante o desempenho; quanto menos preparado você estiver, mais pressão sentirá.

Nenhum atleta está imune à pressão, logicamente a sua frequência cardíaca aumenta, eles respiram mais rápido, dependendo de quão bem preparados e confiantes estão, a pressão pode fazer com que tenham um desempenho melhor ou pior.

A pressão cria tensão e pode fazer com que o atleta entre em pânico, quando isso acontece, eles querem terminar suas tarefas o mais rápido possível, quanto mais você se apressa, mais erros você cometerá, os erros levam a mais pressão, o que leva a mais pânico, mais erros.

A maioria dos atletas que tem um bom desempenho não pensa no resultado, eles estão imersos no processo, focando em sua atividade no momento. Manter o foco no processo ajuda a despressurizar as coisas, evitando que pensamentos perturbadores diluam sua concentração e indica que você deve fazer as coisas que precisa para ter um bom desempenho. 

Simplesmente fazendo o melhor em cada tarefa em cada momento, você mantém sua mente focada no que precisa fazer e não em pensamentos negativos que podem distraí-lo e atrapalhar seu desempenho.

E isso fará toda diferença. A diferença de quem se destaca no final de uma competição, sem dúvidas está por trás de inteligência emocional. Para se inscrever em uma prova de performance tão alta, logicamente existe um substrato forte de treinamento.

A diferença final não serão os 10km a mais de corrida no mês anterior, ou algo que se suplementou pontualmente. A diferença estará no equilíbrio emocional.

Podemos tirar grandes ensinamentos para vida com os homens de ferro. Em momentos difíceis, sempre pare se pergunte: 

  • Como é a sua respiração e a sensação? 
  • Que sensações você está sentindo? 
  • Que sons você está ouvindo? 

Concentrar-se nos seus sentidos é uma forma útil de se sintonizar com o momento presente e aliviar a pressão.

Metaforizando, poderíamos sim chamar de homem de ferro todos aqueles que se destacam por treinar duro, por competir com seu próprio ego, dificuldades, instabilidades e colocam a pele no jogo, porque isso sim é vencer, é subir no seu PRÓPRIO pódio. A luta é você contra você mesmo.

Desde atletas amadores a super atletas, você sempre poderá ser um homem de ferro. Apenas pare, pense, seja uma pessoa resiliente que ama a dor, porque ela pode machucar, mas as cicatrizes nos tornam mais fortes, compondo nosso sistema de antifragilidade.

Busque sempre uma mentalidade de campeão.