17 de setembro de 2020
Efeitos agudos e crônicos do exercício físico

by:Caffeine Academy

O que você vai ler aqui:

Durante o exercício estamos gerando um estresse fisiológico para o nosso organismo. Este, para reparar os “danos” causados pelo exercício, estimula ou suprime diversas substâncias produzidas pelo nosso corpo e essas substâncias, uma vez suprimidas ou produzidas para atingir um tecido alvo, gerarão efeitos agudos, que se estimulados repetidamente, se tornarão crônicos.

E esse é o nosso tema de hoje: os efeitos agudos e crônicos do exercício físico.

 

Atividade física x Exercício físico

Primeiro, para começarmos, precisamos entender dois conceitos: a diferença de atividade físico para exercício físico e o que é homeostase – conceito que vemos falando aqui no Blog já há algum tempo.

A diferença de atividade física para exercício físico é que enquanto exercício é uma atividade repetitiva e planejada que tem como objetivo a melhora da aptidão física (como por exemplo musculação, crossfit etc), a atividade física deve ser considerada como atividades diárias que aumentam nosso gasto calórico (subir escadas, varrer a casa, andar etc).

Já a homeostase é a tendência de um corpo, dentro de certos limites, manter um meio interno constante. Ou seja, a “quebra” da homeostase não é a perda do equilíbrio - como visto por aí - mas sim a alteração de forma dinâmica que tende a reestruturar o meio interno, o que é definido como homeorrese (mais bonito do que falar quebra da homeostase, né?!).

Mas por que estou falando disso?

Porque é exatamente isso que o exercício físico faz! Quando nos exercitamos, nós temos a alteração da homeostase pois estamos nos submetendo a um estresse fisiológico e, com isso, nosso sistema neuroimunoendócrino estimula a produção de algumas substâncias que visam reestruturar nosso meio interno.

Recuperando, assim, a nossa homeostase.

A resposta neuroendócrina ao exercício é direcionada para suprir demandas energéticas geradas pelo músculo que está em atividade, o que consiste em:

  • Aumento da produção de GH (hormônio do crescimento);
  • Aumento do cortisol;
  • Aumento da produção de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina);
  • Aumento da liberação de glucagon;
  • Supressão da produção de insulina;

Toda essa resposta é necessária para suprirmos essas demandas, uma vez que estimula a lipólise (quebra dos lipídeos em ácidos graxos e glicerol), glicogenólise (quebra do glicogênio armazenado) e a gliconeogênese (produção de glicose através de substratos que não são carboidratos).

Com o aumento da intensidade do exercício de leve para moderado/intenso, alteramos a prioridade das vias energéticas, que antes era dependente dos lipídeos, agora passa a ser dos carboidratos.

Quanto mais prolongado for, os estoques de glicogênio vão chegando ao fim, e o corpo estimula a gliconeogênese.

Com a supressão da produção de insulina, que é um hormônio anabólico (estimula a síntese de proteína e estimula a
lipogênese), temos um ambiente catabólico, onde predomina-se  a quebra e oxidação de gordura bem como a
quebra de aminoácidos.

Efeitos agudos do exercício físico

Com isso  geramos no nosso organismo, de forma aguda:

  1. Aumento da frequência cardíaca e pressão arterial;
  2. Aumento da glicemia;
  3. Aumento da lipólise e beta-oxidação de ácidos graxos;
  4. Aumento da proteólise.

Ou seja, durante o treino, nós temos um estado catabólico! Porém você não precisa se preocupar com isso, porque o catabolismo agudo gerado pelo exercício é extremamente necessário para que tenhamos adaptações fisiológicas importantes.

 

Efeitos crônicos do exercício físico

De forma crônica, nós temos as adaptações geradas pelo nosso organismo, mas que dependem incessantemente do nosso plano alimentar: ele é quem vai nos guiar quanto a perda ou ganho de massa muscular, perda ou ganho de gordura.

No entanto, de uma forma geral e considerando que o nosso exército é extremamente disciplinado quanto ao plano alimentar, as adaptações crônicas geradas pelo exercício são:

  1. Aumento da massa muscular; 
  2. Redução da gordura corporal;
  3. Aumento da sensibilidade à insulina;
  4. Redução do colesterol total;
  5. Diminuição da frequência cardíaca de repouso;

Então, não fique triste porque está catabolizando durante o treino e nem tome suplementos anticatabólicos intratreino porque não são necessários. O que estará diretamente relacionado aos seus resultados é o seu plano alimentar e do quão eficaz o seu treino é.

Além de tudo isso, o exercício físico reduz o risco de diversos cânceres, desempenha papel importante em doenças autoimunes e metabólicas, bem como um grande aliado do nosso sistema imune, porém isso é assunto para um próximo post...

Por fim, vale a pena lembrar: das 10 principais causas de morte no mundo, o exercício físico previne ou trata 6 doenças e está indiretamente relacionada com a prevenção de 2!

Logo, temos 8 doenças de 10 nas quais o exercício físico pode desempenhar um papel importantíssimo na sobrevida de algumas pessoas. Exercício físico não é só para alcançarmos o nosso corpo desejado, mas sim um grande aliado da nossa saúde, bem-estar e longevidade.

Juntos, todo nosso exército pode demonstrar isso. Vamos nessa?

“Faça exercício: a inatividade enfraquece o corpo, o trabalho o fortalece; o primeiro traz
envelhecimento prematuro, o último prolonga a juventude” Cornelius Celsus, 10-60 DC

Autor:
Caffeine Academy

Referências

1

MOLINA, Patricia. Fisiologia endócrina. [S. l.]: LANGE, 2013

2

MCARDLE, William D., KATCH, Frank I., KATCH, Victor L. Fisiologia do exercício: nutrição, energia e desempenho humano. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017

3

BALL, Derek. Metabolic and endocrine response to exercise: sympathoadrenal integration with skeletal muscle. Journal of Endocrinology, [S. l.], p. 79-95, 10 fev. 2015. Disponível em: https://joe.bioscientifica.com/view/journals/joe/224/2/R79.xml. Acesso em: 25 jul. 2019.