15 de outubro de 2020
A relação entre os antioxidantes e a saúde cerebral

by:Clara Carvalho

Seu cérebro é o seu painel de controle.

As relações entre nosso cérebro, o corpo e o mundo ao nosso redor são complexas. O que você faz ou deixa de fazer pode mudar significativamente sua saúde e bem-estar.

Um cérebro saudável é determinado por fatores biológicos e fisiológicos - genes, hormônios, sistema imunológico, nutrição, exercícios e outras opções de estilo de vida. Nesse contexto, existem diversos fatores que influenciam na forma com que nosso painel de controle desempenhará sua performance global.

Eventos sociais, psicológicos e ambientais, incluindo relacionamentos, estresse, emoções de maneira geral, forma de pensar (Mindset/mentalidade), eventos de vida e circunstâncias pontuais contribuem para a saúde e funcionamento do cérebro.

Cada elemento pode impactar outros de forma multidirecional e dinâmica. Por exemplo, seus pensamentos podem influenciar sua saúde física (é por isso que o estresse crônico pode levar a doenças cardíacas e até mesmo cerebrais).

Tem-se falado sobre consumo de substâncias antioxidantes como mecanismo de prevenção de doenças que afetam nosso cérebro, a fim de promover saúde cerebral. Então vamos entender o que são e o qual é o papel dessas substancias.

Radicais livres e antioxidantes: onde encontrar

No nosso dia-a-dia somos expostos a diversas situações que desencadeiam reações celulares dependentes de oxigênio para obter energia. Durante esse processo, são produzidos resíduos perigosos chamados de radicais livres. 

Conforme o corpo envelhece, ele não é tão eficiente na remoção de radicais livres, e o resultado são danos às células se não neutralizados pelas substancias antioxidantes.

Esse desequilíbrio entre agressão vs reparo celular é chamado de estresse oxidativo - ou seja, a incapacidade do corpo de desintoxicar os produtos finais prejudiciais do metabolismo (decompor os alimentos em energia). 

A longo prazo, um dos exemplos mais graves de ataque de radicais livres no corpo é a perda de memória. Vários fatores são conhecidos por acelerar a produção de radicais livres, incluindo a ingestão excessiva de álcool, uma dieta rica em gorduras saturadas e trans, e tabagismo. Fontes ambientais (como poluição) também podem resultar em radicais livres no corpo.

Os antioxidantes são geralmente compostos encontrados em fontes alimentares. Essas substâncias naturais ajudam a retardar ou prevenir certos tipos de danos às células. 

Frutas e vegetais de cores vivas, são uma grande fonte de antioxidantes. Em geral, quanto mais brilhante a cor, maior o nível de antioxidantes que combatem doenças nos alimentos.

 

Antioxidantes e saúde do cérebro

Estudos demonstraram que os antioxidantes podem ajudar a neutralizar as moléculas instáveis que constituem os radicais livres, neutralizando os efeitos negativos do estresse oxidativo. Recentemente descobriram que os antioxidantes podem reverter alguns dos sintomas do envelhecimento (como a perda de memória).

O cérebro é uma massa que representa apenas 2% da massa total corporal, porém consome 20% de toda sua energia. Ele usa uma abundância de oxigênio devido à sua alta atividade metabólica. 

Isso torna o cérebro mais suscetível ao ataque dos radicais livres do que qualquer outra área do corpo. O ataque de radicais livres às células cerebrais resulta em perda de memória.

Os antioxidantes podem ser divididos em dois grupos:

  1. Flavonóides: encontrados principalmente em plantas

Este grupo é dividido em sete categorias diferentes, incluindo antocianidinas (de mirtilos, uvas e vinho) e catequinas/epicatequinas (encontradas no cacau, chocolate amargo e chá) e muito mais.

  1. Os não flavonóides incluem três categorias: minerais, pigmentos vegetais e vitaminas

Os pigmentos vegetais incluem carotenóides (encontrados em frutas e vegetais laranja, como cenouras e abóboras). As vitaminas C e E são os principais antioxidantes das vitaminas. O selênio é um exemplo de uma enzima antioxidante mineral, encontrada na castanha do Brasil, ovos, peixes, grãos e carnes.

E quando o assunto é Cérebro x Memória, precisamos falar dos Flavonóides.

Quando alguém lhe diz para comer mais alimentos coloridos, esses antioxidantes especiais são provavelmente o motivo. Quase todas as frutas, vegetais e ervas contêm flavonóides, que têm muitos benefícios à saúde, incluindo a redução da inflamação e risco de doenças crônicas.

Estudos sugerem que os flavonóides são bons para combater o envelhecimento do cérebro, atuando desde o aumento do número de conexões entre os neurônios até a proteção de doenças degenerativas, como o Alzheimer.

Evidências científicas sugerem que os flavonóides do chocolate amargo podem ter um impacto complexo e significativo no cérebro, por meio de interações diretas com cascatas celulares que promovem a neurogênese, função neuronal e conectividade cerebral.

Estudos também demonstraram que os flavonóides chamados antocianinas, encontrados nas frutas vermelhas, estão associados à diminuição dos riscos cardiovasculares. 

O que é bom para o coração é bom para o cérebro, portanto os flavonóides também são altamente recomendados para a saúde do cérebro e a prevenção de doenças cognitivas. 

Na verdade, frutas vermelhas são recomendadas diariamente na dieta de prevenção de Alzheimer devido à forte evidência de que a ingestão regular de mirtilos ou morangos foi associada ao retardo do declínio cognitivo por mais de dois anos.

Apesar dos benefícios para manutenção do equilíbrio e saúde cerebral, devemos ter cuidado com os excessos. A virtude, já diziam os sábios e repetem os cientistas, está no equilíbrio.

Até porque, mesmo os radicais livres, os alvos dos antioxidantes, têm papéis a cumprir. Entre outras funções, eles agem em um tipo de sinalização para que células de gordura, os adipócitos, se convertam em músculos.

Vale lembrar que antioxidantes sozinhos não fazem milagres, não são a chave para vida longa. É necessário a prática regular de exercícios, qualidade do sono, evitar tabaco e abuso de álcool para evitar o estresse oxidativo.

O ideal é buscar sempre um profissional e diversificar sua alimentação, garantindo um equilíbrio de antioxidantes variados em seu dia-a-dia. Alguns exemplos:

  • Vitamina A: Manga, espinafre, gema de ovo, fígado;
  • Vitamina C: Laranja, acerola, caju, morango;
  • Vitamina E: Azeite de oliva, nozes, abacate;
  • Selênio: Castanha-do-pará, frango, feijão, leite;
  • Zinco: Peixes, frutos do mar, cereais;
  • Betacaroteno: Cenoura, abóbora, mamão;
  • Licopeno: Goiaba, tomate, melancia;
  • Antocianinas: Jabuticaba, açaí;
  • Catequinas: Chá-verde, cereja, pera;
  • Quercetinas: Maçã, cebola, chocolate amargo;
  • Resveratrol: Uva, vinho tinto, amendoim;
  • Sulforafano: Brócolis, couve, couve-flor.

Nunca esqueça, essa massa gelatinosa que mora em seu crânio é responsável pela vida como você a conhece e para sempre será seu painel de controle.

Neste momento, seu cérebro está simultaneamente mantendo sua respiração e frequência cardíaca, enquanto transforma esses rabiscos pretos em uma tela em palavras e pensamentos coerentes. Você precisa dele em sua melhor performance.

Dê amor, valor e cuidado ao seu Capitão!

Autor:
Clara Carvalho