O trabalho é uma atividade que geralmente ocupa uma grande parcela de tempo na rotina da sociedade. Muitas horas de expediente, reuniões, projetos, novas demandas, cobranças, pouco lazer... esse é um cenário comum para profissionais de diferentes áreas de atuação, mas até que ponto o excesso de atividades laborais são sinônimo de produtividade e quando passam a afetar sua saúde e bem-estar?
Embora o estresse e/ou pressão cotidiana no ambiente de trabalho lhe pareça “ossos do ofício”, essas situações podem lhe causar uma Síndrome de Burnout, gerando sérios danos psicológicos, comportamentais, sociais e também físicos. Se você não conhece o conceito dessa doença que cresce consideravelmente em todos os cantos mundo, entenda suas causas, sintomas e como tratá-la.
O que é síndrome de burnout?
Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, é um distúrbio psíquico que consiste em tensão emocional e estresse crônico resultante de situações de trabalho desgastante de um indivíduo.
É bastante comum em profissionais que trabalham sob pressão e com responsabilidades constantes, como médicos, enfermeiros, professores, policiais, jornalistas, dentre outros, atingindo também profissionais das mais diferentes áreas que estão frequentemente expostos a desafios ou situações em que a pessoa possa achar, por algum motivo, não ter capacidades suficientes para os cumprir.
O significado de burnout provém dos termos em inglês burn (queimar) e out (fora/exterior), e foi cunhado pelo psicanalista norte-americano Herbert J. Freudenberger na década de 70, após ele diagnosticar o distúrbio em si mesmo.
Apesar de ainda sofrer estigmas, como frescura ou pretexto, a síndrome foi incluída na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, em uma lista que entrará em vigor em 2022, passando a ser considerada como doença crônica e se não tratada pode evoluir para doenças físicas, como doença coronariana, hipertensão, problemas gastrointestinais, depressão profunda e alcoolismo.
Segundo um estudo realizado em 2019, cerca de 20 mil brasileiros pediram afastamento médico no ano por doenças mentais relacionadas ao trabalho, o que justifica o crescente aumento de sintomas de ansiedade e depressão e do consumo de bebidas alcoólicas, por exemplo.
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Síndrome de Burnout: sintomas
De acordo ao Ministério da Saúde brasileiro [1], os principais sinais e sintomas que podem indicar a Síndrome de Burnout são:
- Cansaço excessivo, físico e mental;
- Dor de cabeça frequente;
- Alterações no apetite;
- Insônia;
- Dificuldades de concentração;
- Sentimentos de fracasso e insegurança;
- Negatividade constante;
- Sentimentos de derrota e desesperança;
- Sentimentos de incompetência;
- Alterações repentinas de humor;
- Isolamento;
- Fadiga;
- Pressão alta;
- Dores musculares.;
- Problemas gastrointestinais;
- Alteração nos batimentos cardíacos.
Normalmente esses sintomas surgem de forma leve, razão pela qual muitas pessoas acham que pode ser algo passageiro, mas no caso de Burnout eles tendem a piorar com o passar dos dias, afetando totalmente a rotina de bem-estar.
Burnout: sintomas físicos
Os sintomas de Burnout podem se manifestar na condição física de um indivíduo, através de sinais como:
Exaustão: talvez essa seja a característica mais marcante do esgotamento profissional, marcada pelo cansaço excessivo, físico ou mental.
Dores musculares: sensação de músculos mais rígidos e doloridos mesmo sem lesão;
Insônia: os efeitos do estresse impedem que a pessoa consiga relaxar, tornando os problemas com o sono parte da rotina.
Problemas gastrointestinais: o funcionamento do seu organismo está diretamente relacionado à saúde mental, desta forma, uma pessoa com sintomas de Burnout pode enfrentar desregulação no funcionamento do sistema digestivo;
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Batimentos cardíacos acelerados e sudorese: como o indivíduo fica mais tenso nessa condição, apresenta alterações fisiológicas como palpitação e pressão alta.
Burnout: sintomas psicológicos
A saúde mental talvez seja a mais prejudicada nessa situação, afetando sua qualidade de vida e a capacidade de realizar tarefas simples da rotina. Entre as principais características, destacam-se:
Isolamento: as pessoas com a sintomas da Síndrome de Burnout podem começar a se afastar de familiares e amigos mais próximos, passando a maior parte do tempo sozinho sob a justifica de que tem muito trabalho a fazer ou necessita descansar;
Baixa autoestima: a Síndrome de Burnout tem grande influência na autoestima, principalmente relacionadas a capacidade e performance cognitiva, por isso certas pessoas também demonstram pessimismo;
Dificuldade de concentração: é muito comum a pessoa enfrentar certa dificuldade para focar até nas atividades mais simples do dia a dia. Além de apresentar alguns episódios de lapso de memória;
Irritabilidade: por conta da situação, o indivíduo se irrita com mais facilidade e pode apresentar episódios de agressividade;
Oscilação no humor: como o indivíduo está vivendo um momento de instabilidade emocional, é comum verificar mudanças repentinas no humor.
Como é o diagnóstico da Síndrome de Burnout?
Os sintomas do Burnout aparecem constantemente na rotina e existe uma grande necessidade de identificá-los. Com tantos indivíduos passando por essa situação, é importante reconhecer os sinais para diagnóstico e tratamento adequado, o mais rápido possível. No entanto, o diagnóstico do transtorno de Burnout só pode ser realizado por um profissional de saúde mental, seja ele psicólogo ou psiquiatra.
Diferença de Burnout e estresse
A síndrome de esgotamento profissional costuma ser confundida com estresse devido às semelhanças no que diz respeito aos sintomas, contudo, entender as diferenças entre estresse e Burnout é essencial para melhor tratamento de ambos os casos.
Basicamente, o estresse consiste em uma reação natural do organismo que ocorre quando vivenciamos situações de perigo ou ameaça, nos colocando em estado de alerta, provocando alterações físicas e emocionais. Geralmente, os sintomas de estresse são momentâneos, causando maior dano à saúde quando vivenciado com muita frequência.
Já na doença de Burnout, estar no ambiente, por si só, já causa sinais de ansiedade e profundo esgotamento, o que leva a maioria dos pacientes a ter uma crise, caracterizada principalmente pela queda expressiva no rendimento e questionamento das próprias capacidades, causando maior desmotivação profissional e pessoal.
Outros sintomas e comportamentos ligados à rotina exaustiva de trabalho podem contribuir para a liberação de diferentes hormônios, como o cortisol, colaborando com o aumento do risco de crises de pânico, cardiopatias, doenças autoimunes e depressão. Levando o profissional ao esgotamento total de forma gradual.
Assim, a diferença entre estresse e Burnout é que o primeiro caso, por sua vez, é uma resposta do corpo às circunstâncias do dia-a-dia. Já a Síndrome de Burnout é resultante do estresse crônico e necessariamente tem origem no ambiente de trabalho
Tratamento para a Síndrome de Burnout
Felizmente, a síndrome tem cura. Com o acompanhamento psicológico, o profissional é capaz de identificar os sintomas e causas de Burnout, oferecendo ao paciente o tratamento mais indicado para seu caso, podendo envolver o uso de medicação e sessões de psicoterapia. Além disso, o profissional da saúde deve ajudá-lo a observar e transformar os pensamentos e comportamentos que possam engatilhar uma crise de Burnout em meio a rotina.
Como prevenir a Síndrome de Burnout?
Para reduzir o estresse no trabalho e prevenir o desenvolvimento dos sintomas da Síndrome de Burnout, o profissional pode:
- Estabelecer uma rotina de trabalho, com horário fixo de entrada e saída;
- Colocar metas reais e possíveis de serem cumpridas;
- Não levar trabalho para a casa;
- Não abrir mão dos seus momentos de lazer e descanso;
- Aproveitar as pausas durante o expediente para desopilar;
- Trabalhar a respiração ou a meditação.
Essas são apenas algumas formas de evitar crises de estresse ou Síndrome de Burnout para que esses transtornos mentais não afetem seu bem-estar e a qualidade de vida. Balancear a vida profissional com a pessoal é o maior aliado na luta contra o Burnout.