14 de julho de 2021
Ansiedade: o que é, sintomas e como controlar

by:Caffeine Academy

O que você vai ler aqui:

A ansiedade tem sido considerada o mal do século. Só no Brasil, cerca de 9,3% da população sofre de algum transtorno de ansiedade, liderando o ranking das nações mais ansiosas do mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Sentir-se ansioso causa um misto de emoções volúveis que, em casos frequentes, podem ser altamente danosas à nossa saúde. Geralmente é caracterizada por uma tensão ou desconforto derivado da antecipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho na nossa rotina.

Os sentimentos são vários: medo, agonia, coração acelerado, irritabilidade, sudorese, insônia, entre outras manifestações. As causas também são diversas: estilo de vida, ambiente, relações sociais, fatores socioeconômicos, etc. 

Apesar de ser algo que acomete grande parte dos adultos, falar sobre ansiedade ainda é um tabu em alguns círculos sociais. Então, se você já se sentiu ansioso ou conhece alguém próximo que sofre de ansiedade, leia nosso guia completo sobre ansiedade e encontre esclarecimentos, métodos efetivos para controle e formas de tratamento dessas sensações.   

O que é ansiedade?

Em resumo, ansiedade é uma reação normal a uma ameaça ou a um estresse psicológico, funcionando como um mecanismo de sobrevivência para lidar com as situações de perigo, assim ela desempenha um papel importante na nossa existência.

Quando estamos diante de uma situação perigosa, a ansiedade logo desencadeia uma resposta de luta ou fuga que promove uma cadeia de alterações físicas, como uma maior irrigação sanguínea para o coração e para os músculos para proporcionar ao corpo a energia e a força necessárias para enfrentar aquele risco à vida, como fugir de um animal agressivo ou enfrentar um agressor. Também há pessoas que sentem ansiedade quando são rejeitadas, submetidas a críticas ou necessitam fazer algo que consideram importante. 

Ansiedade ou transtorno de ansiedade?

Estar ansioso é diferente de ter um transtorno de ansiedade. Isso porque, o sentimento de ansiedade faz parte da nossa vida, principalmente quando nos deparamos com novas experiências ou mudanças na rotina

Desta forma, estar ansioso é considerado uma ação pontual que provoca sentimentos, sensações e/ou pensamentos que nos tiram do nosso estado normal, mas que recobra o equilíbrio pouco tempo depois.

Contudo, a ansiedade é considerada um transtorno quando ocorre com frequência ou é tão intensa e duradoura que interfere nas atividades normais. Assim, o transtorno de ansiedade é caracterizado pela preocupação demasiada com algo que virá a acontecer em uma situação específica, por exemplo. 

Nesse caso, os sintomas da ansiedade interferem diretamente na rotina, comportamento e na qualidade de vida da pessoa. Os transtornos de ansiedade incluem:

  • Transtorno de ansiedade generalizada (TAG);
  • Ataques de pânico e síndrome do pânico;
  • Transtornos fóbicos específicos.

A maneira prática de se diferenciar ansiedade normal de ansiedade patológica é basicamente avaliar se a reação ansiosa é de curta duração, autolimitada e relacionada ao estímulo do momento ou não.

Principais sintomas da ansiedade

Os sintomas de ansiedade podem variar de pessoa para pessoa e de acordo com a situação. Normalmente as reações emocionais de ansiedade são marcadas pelo medo, nervosismo, tensão, vergonha, tristeza, pessimismo e isolamento. Já as reações físicas mais comuns, são:

  • Tontura;
  • Diarreia;
  • Tremores;
  • Falta de ar;
  • Dor de cabeça;
  • Suor excessivo;
  • Ânsia de vômito;
  • Tensão muscular;
  • Cansaço constante;
  • Alterações do sono;
  • Coração acelerado.

Nos casos de transtorno de ansiedade, essas manifestações são constantes (fazem parte da rotina) e podem vir acompanhadas de outros sintomas, tais como a dificuldade de concentração, preocupação excessiva ou expectativa apreensiva com situações do futuro. Alterações no humor também são vivenciadas por quem possui transtorno de ansiedade, o que pode levar ao quadro de depressão

Principais tipos de ansiedade

Engana-se quem pensa que todos que sofrem de ansiedade têm o mesmo transtorno. Como citamos, a sensação de ansiedade em si pode ser considerada normal diante de determinadas situações do dia a dia. 

No entanto, quando esses sintomas tomam conta da mente de forma frequente e começam a atrapalhar as atividades diárias, é sinal que o quadro se tornou patológico, tornando necessário um aconselhamento profissional.

De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, feito pela Associação Americana de Psiquiatria, existem alguns subtipos de ansiedade com características, fatores de risco e prognóstico distintos. Separamos os principais:

Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)

As características essenciais do transtorno de ansiedade generalizada são ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva) acerca de diversos eventos ou atividades. A intensidade, duração ou frequência da ansiedade e preocupação é desproporcional à probabilidade real ou ao impacto do evento antecipado.

A manifestação clínica do transtorno de ansiedade generalizada é relativamente consistente ao longo da vida. A diferença principal entre as faixas etárias está no conteúdo da preocupação do indivíduo, neste caso, adultos têm mais probabilidade de sofrer deste tipo de transtorno que idosos, por exemplo, em razão das obrigações da vida. 

Enquanto crianças e adolescentes tendem a se preocupar mais com a escola e o desempenho esportivo, enquanto adultos mais velhos relatam maior preocupação com o bem-estar da família ou da sua própria saúde física. Assim, os adultos mais jovens experimentam maior gravidade dos sintomas do que os adultos mais velhos.

Post relacionado: Como cuidar da sua saúde mental em tempos de quarentena

 

Transtorno de pânico

Transtorno de pânico se refere a ataques de pânico inesperados recorrentes, caracterizado por um surto abrupto de medo ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro ou mais sintomas físicos e cognitivos. 

As preocupações acerca dos ataques de pânico ou de suas consequências geralmente relacionam-se a: 

  • preocupações físicas, como a preocupação de que os ataques de pânico reflitam a presença de doenças ameaçadoras à vida (p. ex., doença cardíaca, transtorno convulsivo); 
  • preocupações pessoais, como constrangimento ou medo de ser julgado negativamente pelos outros devido aos sintomas visíveis de pânico;
  • preocupações acerca do funcionamento mental, como “enlouquecer” ou perder o controle.

Transtorno de ansiedade social (Fobia Social)

A característica essencial do transtorno de ansiedade social é um medo ou ansiedade acentuados ou intensos de situações sociais nas quais o indivíduo pode ser avaliado pelos outros. Ele tem a preocupação de que será julgado como ansioso, débil, maluco, estúpido, enfadonho, amedrontado ou desagradável. 

Pessoas com transtorno de ansiedade social têm preocupações com desempenho que são geralmente mais prejudiciais em sua vida profissional (p. ex., músicos, dançarinos, artistas, atletas) ou em papéis que requerem falar em público.

Transtorno bipolar

Esse tipo de transtorno é caracterizado pelo humor anormal e irritável, aumento da atividade ou energia e redução da necessidade de sono. O episódio está associado a uma mudança clara no comportamento que não é característica do indivíduo quando assintomático.

Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) podem fazer parte da rotina de quem sofre esse tipo de transtorno. A bipolaridade pode ser classificada em 2 tipos e mais alguns subtipos, apresentando algumas particularidades distintas entre cada uma delas.

Causas e como identificar a ansiedade

Ao contrário de outras doenças, existem muitos fatores que atuam de forma conjunta para criar esse cenário de ansiedade. Fatores socioeconômicos, como pobreza e desemprego, e ambientais, como o estilo de vida em grandes cidades, são fatores com grande influência no desenvolvimento dos principais sintomas.

Outros fatores de risco da ansiedade são:

  • questões genéticas: o transtorno de ansiedade pode aparecer em pessoas que possuem familiares com o problema;
  • questões externas: eventos traumáticos, como doenças graves, violência ou mesmo acúmulo de estresse, podem acabar provocando quadros de ansiedade;
  • questões comportamentais: pessoas tímidas, com comportamento negativo, naturalmente ansiosas ou com maior dificuldade em gerenciar o estresse, têm maior probabilidade de desenvolver distúrbios de ansiedade;
  • álcool e drogas: o abuso desse tipo de substância pode desencadear quadros de ansiedade;
  • condições médicas: distúrbios de ansiedade também podem surgir como efeitos colaterais de alguns remédios ou ainda estar atrelado a condições como o hipotireoidismo, que torna a resposta do corpo mais excitável, e algumas doenças crônicas.

No entanto, identificar casos de ansiedade nem sempre é algo tão claro. Isso porque, algumas pessoas consideram seus sintomas como “normal” e não consideram os transtornos de ansiedade algo sério e que necessita de um tratamento adequado.

Nesses casos, além dos sintomas relatados acima, é importante ficar atento a alguns outros, tais como:

  • pessimismo;
  • perfeccionismo;
  • falta de autoconfiança;
  • preocupação excessiva com fatores do dia a dia;
  • apreensão constante no desenvolvimento de diferentes atividade;
  • necessidade extrema ou preocupação excessiva em integrar-se ao meio social.

A relação da ansiedade com o estresse

O termo estresse denota o estado gerado pela percepção de estímulos que provoca excitação emocional e, ao perturbar a homeostasia, dispara um processo de adaptação caracterizado, entre outras alterações, pelo aumento de secreção de adrenalina produzindo diversas manifestações sistêmicas, com distúrbios fisiológico e psicológico.¹

O estilo de vida moderno nos coloca em diferentes situações estressoras ao longo dos dias, provocando variadas respostas no corpo. Em síntese, eventos estressores podem ser entendidos como preditores ambientais de ansiedade e depressão. Já os fatores genéticos desempenham um papel nas diferenças de suscetibilidade individual a estes eventos.

Além disso, um estudo realizado por pesquisadores do Departamento de Saúde Pública da Universidade de Copenhagen e publicado no Science Daily, concluiu que a resposta fisiológica ao estresse, incluindo alterações cardiovasculares e produção excessiva de cortisol por um período prolongado, pode servir como o mecanismo que liga o sofrimento psicológico a um risco aumentado de demência.

Isso quer dizer que a constante exposição a situações estressantes afetam sua saúde física e emocional a curto, médio e longo prazo, podendo causar danos graves e prejudiciais não apenas para a saúde do nosso cérebro, mas para o nosso corpo como um todo.

Post relacionado: O que são adaptógenos e como eles te ajudam a aliviar o estresse

Como controlar e tratar ansiedade

É muito importante relembrar que se sentir ansioso em algumas situações, é perfeitamente normal e parte da nossa biologia, por isso a ansiedade não tem cura. O que existe são tratamentos e práticas para que a pessoa que sofre desse tipo de transtorno consiga reduzir seus efeitos na rotina e levar uma vida normal. Tais como:

Tratamento psicoterápico

A psicoterapia, ou simplesmente terapia, busca trabalhar as questões emocionais, fazendo o uso de várias abordagens e conexões com o subconsciente para chegar à "raiz do problema”. É indicada, principalmente, para lidar com problemas de estresse, luto, ansiedade, transição de vida e carreira, relações interpessoais, entre outros.

Contar com o acompanhamento de um psicoterapeuta, pode ajudar a transformar a forma como você se relaciona e enfrenta pequenos ou grande incômodos que, consequentemente, afetam o seu bem-estar.

Farmacológico

Casos mais severos de transtorno de ansiedade necessitam da inclusão de medicamentos, como antidepressivos que atuam auxiliando a aumentar os níveis de serotonina, como parte do tratamento. 

Contudo, somente um profissional capacitado poderá dizer qual o tratamento mais adequado para o devido caso, determinando a melhor dosagem e duração desse tipo de tratamento, associado com a realização da psicoterapia.

Mudança de hábitos

Essa é uma forma mais “caseira” de tratar a ansiedade, podendo ser agregada aos tratamentos recomendados pelo profissional da área. Realizar exercícios físicos regularmente é um dos principais auxiliares das terapêuticas tradicionais no tratamento dos transtornos de ansiedade.

Isso porque, a prática de atividade física favorece a produção de endorfina, neuro-hormônio responsável pela sensação de bem-estar, exercendo também um papel importante na regulação da noradrenalina e da serotonina. Além disso, inserir a meditação, yoga e manter uma alimentação saudável no dia a dia, podem fazer uma grande diferença na sua estabilidade emocional. 

Post relacionado: O papel da alimentação na saúde mental

Por que falar sobre ansiedade ainda é tão delicado?

Apesar de tão presente nos nossos ciclos sociais, falar sobre os sintomas e transtornos de ansiedade ainda é algo limitante para muitas pessoas. O preconceito criado sobre essa realidade, faz com que o reconhecimento do problema e a busca por ajuda médica seja menor que o número de casos reais.

O transtorno de ansiedade é um problema de saúde pública e tende a se desenvolver ainda na infância, persistindo no decorrer da vida adulta se não for tratado de forma adequada.

Em panorama mundial, maior número de casos e diagnósticos ocorrem em indivíduos do sexo feminino (dados OMS) possivelmente por uma conjunção de fatores biológicos e culturais, como a gravidez, menopausa e o próprio ciclo menstrual que provocam alterações hormonais e podem levar a manifestação dos sintomas. 

Outra realidade que contribui para este dado está ligado a maior resistência dos homens em procurar atendimento médico e também de expressar os sintomas, por isso, há um menor número de diagnósticos de ansiedade relacionado ao sexo masculino.

Diante desse cenário, nós precisamos falar sobre a ansiedade e o quão importante é reconhecer seus sinais, buscar ajuda e tratar os transtornos de forma apropriada, pois viver bem, saudável e feliz deve ser sua escolha diária.

Autor:
Caffeine Academy