1 de outubro de 2020
Cultivando uma relação positiva com as redes sociais

by:Caffeine Academy

O que você vai ler aqui:

Quantas fotos de praias, viagens, restaurantes ou festas você já viu nas redes sociais e pensou “a vida de fulano é tão mais emocionante que a minha”? Ou até o contrário, quantas vezes você não postou uma foto e esperou que seus amigos comentassem o quão incrível era a sua vida?

No estilo de vida moderno esse é um dos sentimentos mais presentes nas pessoas. São tantos os recursos digitais que integram o nosso dia a dia que nem sabemos ao certo até onde estamos mantendo o controle e a produtividade do nosso cotidiano.

Certo que essa é uma das novas formas de socialização da humanidade, mas ela se encontra em uma linha tênue com a busca por aprovação para construção de identidade.

Aristóteles citou que “o homem é um animal social”, ou seja, necessitamos de coisas e pessoas e, por isso, vivemos em uma constante busca por inserções em comunidades para alcançar nossa completude como ser individual.

E mesmo que essa analise tenha sido feita a milhares de anos atrás, ela se aplica totalmente a vida que cultivamos hoje. Por exemplo, gastamos horas do dia estabelecendo contatos, firmando relações e projetando nossas vidas através de uma tela.

São dezenas de curtidas, comentários e compartilhamentos diários que acabam desencadeando bem mais do que um bom status nas redes sociais. Na verdade, esse vício socio-virtual serve como um gatilho para sensações bem reais, tanto positivas quanto negativas.

Os efeitos das redes sociais

O uso das mídias nos faz produzir dopamina, um neurotransmissor relacionado ao bem-estar e à recompensa. Quem não gosta de estar em contato com pessoas queridas, de ser elogiado ou se sentir parte importante de algo?

As redes sociais nos proporcionam essas felicidades instantâneas e todo mundo quer essa sensação no cérebro. No entanto, esse mesmo processo atua como um loop de resposta de validação social.

Isso porque ao dar maior importância para a vida virtual e viver em constante comparação ou negação, você acaba perdendo o autocontrole da sua realidade e coloca sua autoestima a prova a cada momento que desbloqueia o celular. 

Ninguém entra em uma rede social para exibir os momentos menos deslumbrantes, alegres ou prazerosos, quando, na verdade, a vida real é tão cheia de altos quanto de baixos momentos.

Estoicismo na atualidade

A filosofia estóica, criada há mais de 2 mil anos, rejeita esse compartilhamento seletivo por ser antitético à felicidade, uma vez que visa controlar as impressões dos outros. O estoicismo pregava o valor da razão, propunha que emoções destrutivas eram resultado de erros na nossa forma de ver o mundo.

"Você não é aquilo que finge ser. Então, reflita e decida: isso é para você? Se não for, esteja pronto para dizer: para mim, isso é nada. E deixe o assunto de lado." – Epitelo

Com base nisto, surge o questionamento: como fazer o melhor dentro das nossas possibilidades aceitando, ao mesmo tempo, o que está fora do nosso controle? 

A resposta está em viver a vida real, viver de acordo ao conjunto de hábitos, atitudes, pensamentos, julgamentos, opiniões e valores que escolhemos adotar, essas são as coisas que estão sob nosso controle. 

Desta forma, podemos estabelecer prioridades e fazer escolher que estejam alinhadas a quem somos ou desejamos ser, não como queremos no mostrar para o outro. 

Quando compartilhamos apenas os momentos de nossas vidas que consideramos adequados às identidades online específicas que procuramos cultivar, estamos nos permitindo ser igualmente influenciados pelo desejo de controlar as impressões fundamentalmente incontroláveis dos outros.

Assim, adotar atitudes estóicas em relação à importância de buscar validação interna e perceber a verdadeira natureza das coisas em nossos compromissos de mídia social poderia nos ajudar a nos proteger das armadilhas psicológicas do uso dessas mídias. 

 

Como cultivar uma melhor relação com as mídias sociais?

Antes de tudo, precisamos ser a mudança que desejamos ver, então ao invés de postar aquela foto que renderia muitas curtidas e comentário, por que não priorizar um impacto positivo em alguém.

Compartilhe algo como:

  • um livro que você leu recentemente;
  • uma recomendação de produto que poderia ser útil para alguém da sua rede;
  • um filme ou série inspirador que tenha uma lição ou mensagem de valor;
  • uma informação ou documento da área em que você tenha conhecimento ou experiência.

Mesmo que não obtenha tantas curtidas, depois de postar algo que tenha relação com seu eu natural e verdadeiro, você consequentemente ficara feliz consigo mesmo, pois provavelmente será benéfico para pelo menos uma pessoa que a veja.

2. Não seja multitarefas

Prestar atenção e interagir com diferentes redes sociais, e-mails e conferir sites diferentes ao mesmo tempo nos deixa mais distraídos do mundo real, desenvolvendo maior dificuldade de focar ou se concentrar em apenas uma coisa de cada vez. Por isso é importante estabelecer regras sobre o uso das mídias na sua rotina.

3. Limite o tempo de uso

Passar muito tempo conectado afeta nossa capacidade cognitiva, podendo causar danos na memória, na concentração e também na sociabilidade. Essa avalanche de informações que estão facilmente ao nosso alcance começa a mudar as maneiras pelas quais armazenamos e até valorizamos fatos e conhecimentos no cérebro.

Alinhado a isso, é importante determinar quanto do seu dia pode ser dedicado única e exclusivamente para navegar nas suas plataformas favoritas, assim você fará seu cérebro entender que existe os momentos corretos para aquela dose de dopamina que falamos lá no começo, sem alimentar um vício.

Uma boa estratégia também, é programar seu tempo de uso de acordo a realização de uma prática saudável. Por exemplo: Se permita 30 minutos de uso somente após se exercitar ou após ler 50 páginas de um livro. Nesse formato de deixa + recompensa você pode aproveita para adicionar ou retomar bons hábitos na sua rotina.

Post relacionado: 5 dicas para incluir a leitura nos hábitos

4. Filtre as suas referências

As mídias sociais não são apenas uma plataforma para diversão, elas também são utilizadas como ferramentas para trabalhos, inspirações e conhecimentos.

Sendo assim, filtre o que vai te alimentar dentro das redes, consuma conteúdos que despertem boas sensações e lhe inspirem a viver sua melhor versão. Tente aproveitar seu tempo nas plataformas virtuais para agregar conhecimentos, valores e impressões na sua vida real. 

5. Evite comparações 

Como falamos, as pessoas só mostram o melhor lado de suas vidas nas redes sociais, por isso você não deve se permitir nenhum tipo de comparação sobre estar melhor ou pior que fulano ou beltrano. 

Só você sabe o que vive e o que sente, isso também acontece com todas as outras pessoas da sua rede, então dê sempre o melhor de si para viver em harmonia e equilíbrio na sua vida real, sem se deixar levar pelas necessidades e impressões virtuais.

6. Esteja presente em seus momentos

Pare para pensar, ultimamente você realmente esteve presente nos seus momentos ou dividiu sua atenção, com as redes sociais? Se sempre está dividindo sua atenção, ligue o sinal de alerta e comece a se fazer totalmente presente nos momentos sozinhos ou compartilhados.

Ao focar em si, nas pessoas e coisas boas que a rodeiam, você conseguirá extrair sensações, observações e lembranças que farão bem para seu corpo, mente e alma.

Por fim, somos sociáveis por natureza e não podemos (nem devemos) lutar contra aquilo que faz parte do nosso instinto, no entanto devemos buscar meios de nos harmonizar sem prejudicar outros pontos da nossa vida.

Isso quer dizer que o problema não está nas relações que estabelecemos ou do tempo que passamos na rede, o mais importante é estabelecermos uma forma de utilização saudável para que essa prática não se torna algo que condense a nossa vida real e afete nosso bem-estar mental a curto e longo prazo.

Autor:
Caffeine Academy

Referências