A relação entre o sexo masculino e a saúde tem se enfraquecido ao longo do tempo.

Olhando para trás, lá para meados de 1920, a expectativa de vida de homens e mulheres era praticamente a mesma. Com o passar do tempo, as coisas foram mudando, entre as décadas de 1970 a 1990, a expectativa de vida dos homens caiu em 5 anos em comparação com a das mulheres.

Nos últimos trinta anos, a proporção da mortalidade masculina sobre a mortalidade feminina aumentou em todas as categorias de idade. Com exceção da doença de Alzheimer, os homens tiveram taxas de mortalidade mais altas do que mulheres pelas 15 principais causas de morte nos EUA.

Culturalmente, pesquisas mostram que ao longo da história a própria masculinidade, o fato de "ser homem", seria associada à invulnerabilidade, força e virilidade. Características essas, incompatíveis com a demonstração de sinais de fraqueza, medo, ansiedade e insegurança, representada pela procura aos serviços de saúde.

Os homens se preocupam menos com a saúde. Tem menor frequência a consultas médicas preventivas, hábitos alimentares piores, maior ingestão de bebida alcoólica e uso mais frequente de cigarro - esse combo acaba aumentando as chances deles serem acometidos por doenças cardíacas, infecções e cânceres.

Em um estudo americano recente, avaliaram cerca 2 mil homens e os motivos de suas procuras ao serviço de saúde. A pesquisa constatou que a maioria dos homens tem uma atitude displicente com sua saúde. Na verdade, 61% dos homens dizem que são "semi proativos sobre a saúde", pois só procuram ajuda quando necessário, não realizando consultas médicas preventivas ou check-ups anuais.

Mais da metade dos participantes afirmaram que só buscavam apoio quando algo estava fora do normal e precisava ser "ajustado", já a maioria (63%) relatou que o fator mais importante para decisão de buscar um apoio médico seria por uma dor prolongada e grave.

Sintomas mais corriqueiros, como vômitos, sangramentos, coceiras e secreções por si só, não eram suficientes para que a maioria desses homens buscassem o serviço de saúde.

Dois problemas claros: medo e ansiedade

Quase metade (46%) dos homens entrevistados disse que visitas ao médico os deixam nervosos, ansiosos ou com medo. 50% admitiram que seu maior medo antes de ir ao médico é descobrir que têm um problema sério de saúde.

A maioria dos homens entrevistados diz que espera viver até mais de 80 anos, mas pouco mais da metade (51%) diz que está preocupado com a sua saúde agora e menos de um em cada três homens descreve a sua saúde em geral como “excelente”.

Há uma barreira emocional para ir ao médico e é importante encorajarmos os homens a serem mais proativos sobre a sua saúde. Evitar o médico até que um problema se desenvolva pode ser arriscado para a saúde e pode trazer consequências graves.

Diversas campanhas e programas vem sendo desenvolvidas para criar consciência na sociedade e incentivar os homens a ter uma abordagem mais proativa com a sua saúde pessoal.

Com a chegada do mês de novembro, não podemos esquecer da campanha Movember ou NO SHAVE NOVEMBER. Um evento anual que envolve o cultivo de bigodes durante o mês de novembro para aumentar a conscientização sobre as questões de saúde masculina, como câncer de próstata, câncer testicular e suicídio de homens.

O objetivo do Movember é "mudar a cara da saúde dos homens."  Em 2012, o Global Journal listou o Movember como uma das 100 maiores ONGs (organização não governamental) do mundo.

Centros de pesquisas tem trabalhado para desenvolver estratégias efetivas na conscientização e promoção do autocuidado masculino. Uma pesquisa na University of British Columbia apontou que fatores sociais podem afetar significativamente a saúde, incluindo raça, cultura, status socioeconômico, educação e níveis de renda.

Assim, os programas devem ser adaptados para realidade de cada local e comunidade para que tenha sucesso. Um exemplo de programa de promoção a saúde masculina que respeita as particularidades de seus participantes é o "Dudes Club" - baseado no Downtown Eastside de Vancouver, que tem sucesso porque seu conteúdo é adaptado para sua clientela predominantemente indígena.

Os eventos incluem atividades baseadas na cultura e círculos dirigidos por idosos, e os clientes estão relatando melhoria no bem-estar mental, espiritual, físico e emocional como resultado.

No último Dia Internacional do Homem, a OMS (Organização Mundial de Saúde) escreveu cinco dicas simples que todos os homens podem fazer para garantir uma vida mais saudável e melhor, sob o seguinte apelo: "Dia do homem é todo dia". São elas:

1. Conscientizar-se

O conhecimento pode combater o estigma

Muitos homens que estão enfrentando problemas de saúde, como depressão ou pensamentos suicidas, não têm conhecimento de sua condição, o que alimenta ainda mais qualquer estigma que já possam sentir.

Mesmo que você se sinta saudável, exames regulares de saúde, como pressão arterial, níveis de açúcar no sangue e exames de próstata, são essenciais para detectar quaisquer problemas precocemente e manter a saúde.

Muitos homens são reticentes em falar sobre desafios de saúde ou falar sobre questões pessoais, mas programas - como grupos de apoio ao câncer de próstata - podem expandir sua zona de conforto criando espaços seguros para compartilhar experiências e discutir assuntos delicados.

Cuide da sua saúde, busque ajuda para problemas de saúde mental, incluindo depressão e ansiedade. Espaços seguros ajudam os homens a se abrirem.

2. Reduzir o uso de álcool

O uso nocivo de álcool matou quase 3 milhões de pessoas em 2016, sendo que 75% delas eram homens. Beber demais ou com muita frequência aumenta o risco imediato de lesões, acidentes rodoviários e violência.

O uso excessivo de álcool também pode causar efeitos a longo prazo, como danos ao fígado, câncer e doenças cardíacas. O uso prejudicial de álcool pode afetar sua saúde mental e ter um impacto negativo em sua família e nas pessoas ao seu redor.

3. Parar de fumar

O tabaco é um dos maiores causadores de câncer, doenças pulmonares, cardíacas e derrames, matando mais de 7 milhões de pessoas todos os anos. E atenção, ele também causa impotência.

Quando você abandona o vício, de 2 a 12 semanas sua função pulmonar melhora. Em um ano, o risco de doença cardíaca já é metade do de um fumante.

4. Se alimentar melhor

Manter uma dieta saudável ajuda a prevenir diabetes e muitas outras doenças. Tente consumir mais frutas, vegetais, legumes (por exemplo, lentilhas), nozes e grãos inteiros, gorduras de boa qualidade, proteínas magras.

Limite a quantidade de sal a 1 colher de chá por dia, o açúcar a menos de 5% da ingestão total de energia e as gorduras saturadas a menos de 10% da ingestão energética.

5. Ser mais ativo

1 em cada 4 pessoas não são suficientemente ativas. Os adultos devem fazer pelo menos 2 horas de atividade com intensidade moderada por semana. A atividade física ajuda a manter um peso saudável, reduz o risco de doenças cardíacas, derrame, diabetes e câncer, além de ajudar a vencer a depressão e criar conexões!

Programas baseados em atividades que se vinculam aos ideais masculinos, como resolução de problemas e destreza física, funcionam bem. Men's Sheds, um programa que funciona na Austrália, Canadá e alguns outros países, atrai com sucesso homens com atividades de marcenaria, tutoriais de computador, jardinagem e eventos sociais informais.

Por fim, nunca se esqueça: saúde não é ausência de doenças e sim um bem estar físico, psíquico, mental e espiritual. Homem, mulher, criança, jovem, adulto, idosos. Não há distinção, todos precisamos cuidar da nossa saúde para atingir a longevidade.