2 de dezembro de 2020
Insights do livro “Por que fazemos o que fazemos?”

by:Clara Carvalho

O que você vai ler aqui:

O que estamos fazendo? O que nos preocupa? Qual sentido do que fazemos?

Fear Of Missing Out (FOMO), em português “Medo de ficar de fora” é um sentimento real e banal nos dias de hoje. Trazido da psicologia é uma forma de ansiedade, que sofremos quando receamos que os outros estejam a aproveitar um momento sem nós. Isto quer dizer o medo de perder oportunidades.

Contudo, com o que nos é apresentado diariamente, é fácil sentir-nos deixados de fora, excluídos. Esse sentimento vem sendo ampliado com o mundo digital, que mostra o que estamos a perder constantemente.

Mas será que estamos perdendo algo? Será que as vidas ao nosso redor ressonam com o que a gente espera para nós?

Com final do ano chegando, um dos nossos maiores desafios é reconectar com a nossa essência, olhar para dentro, entender o caminho. Entender sobre “propósito” e responder a perguntas como “o que estou fazendo com a minha vida?” sempre foi um dos tópicos mais relevantes nos meus estudos pessoais.

Não faz sentido relutar contra a segunda-feira ou abominar os programas do domingo à noite, pelo fato do "fim" - viver 5 dias de luta para 2 de "glória" não faz sentido.

Aos que sentem tal sentimento podem estar vivenciando um sinal de que você “não compreende mais o motivo para fazer o que está fazendo”. Em uma imersão específica sobre “propósito”, priorizei “Por que fazemos o que fazemos?”, do filósofo Mário Sérgio Cortella, que traz ensinamentos incríveis para vida, visando crescimento e bem-estar na jornada.

 

1. Propósito

Colocar seus valores a frente. Palavra derivada do latim. Só há propósito onde há sentido de transformação.

O autor traz a ideia de que uma vida com propósito é aquela em que eu entenda as razões pelas quais faço o que eu faço e pelas quais claramente deixo de fazer o que não faço. A falta de clareza e, ao mesmo tempo, levar a vida sem analisar criticamente o que se sente pode trazer consequências sérias a longo prazo.

Se pararmos para analisar, com a revolução industrial, nos tornamos robotizados. Quando se vive de maneira automática, robótica, levando tudo numa rotina monótona, trata-se de uma vida banal.

Segundo o livro “Por que fazemos o que fazemos?”, algumas tradições religiosas de variadas vertentes sugerem perguntas a serem feitas:

O que fez, fez por quê?
E, não fez, não fez por quê?
Fez o quê e não deveria ter feito; por que o fez?
O que não fez e deveria ter feito, por que não o fez?

2. Rotina versus monotonia

Quando desejo reconhecimento, autoria, mesmo que tenha um nível grande de desgaste, ainda assim, me felicito por fazer o que faço. Assim como um atleta, um artista, um professor.

Rotina não é sinônimo de monotonia. Assim, o que gera um enfado em relação ao cotidiano profissional é a monotonia, não a rotina. O que falta, de fato, é a utilização inteligente do tempo.

Há uma grande diferença entre uma rotina de trabalho e a monotonia. A rotina é uma sequência lógica que deve ser seguida para realização de um trabalho; rotina leva hábito, melhorias e construção de sistemas. A monotonia é fazer essas atividades de forma distraída, sem se dar conta de que está sendo feita. 

A monotonia é a morte da motivação!

3. Signifique

A ideia de consciência sobre os propósitos está ligada à noção de valores, ou seja, quais são os meus valores? O que eu acho que vale e o que eu acho que não vale? A minha vida valerá de que modo? É uma vida com ou sem valia? Que valia eu quero colocar nela? Para que serve essa vida? Qual é o meu papel dentro da estrutura em que atuo?

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Se eu desejo uma vida com consciência, com recusa à alienação, se quero algo que me leve ao pertencimento de mim mesmo e daquilo que faço, preciso ter razões que sejam mais sólidas do que apenas argumentar a necessidade de sobrevivência.

É claro que em primeiro lugar precisamos sobreviver. E existem momentos da vida que é preciso fazer sacrifícios para responder à sobrevivência.

A Pirâmide de Maslow, também chamada de hierarquia das necessidades de Maslow, é um conceito criado na década de 50 pelo psicólogo norte americano Abraham H. Maslow. Seu objetivo é determinar o conjunto de condições necessárias para que um indivíduo alcance a satisfação, seja ela pessoal ou profissional.

TUDO começa, ou seja, a base consiste nas nossas necessidades fisiológicas. Mas há também o campo da liberdade, que é quando podemos escolher o que estamos fazendo (e aquilo que não estamos fazendo) por simples opção pessoal.

É preciso que exista um significado relevante que nos motiva a seguir adiante. E a motivação nasce daquilo que conseguimos nos reconhecer e por aquilo que somos reconhecidos por fazer. Por isso, o significado precisa ser próprio e relevante para você mesmo.

4. Prazer é passageiro

Claro, todo mundo gosta de fazer o que gosta. Mas é preciso ter consciência de que no desenrolar da vida profissional, para fazer o que se gosta, é necessário passar por etapas não necessariamente agradáveis no dia a dia.

O caminho não é marcado apenas por coisas prazerosas. Para que elas aconteçam é preciso esforço. Então, você nem sempre sentirá prazer.

Faz parte do processo e é preciso ter consciência de que há momentos que precisamos fazer o que é necessário, e nem sempre aquilo que gostamos é necessário!

Cautela com a expressão “eu só quero fazer o que eu gosto”. Para ter o resultado que eu gosto, nem sempre faço o que eu quero. Porque o desgaste é inerente a qualquer processo de produção: do tempo, do espírito, da peça, da natureza.

Esse desgaste poderá ser negativo se eu não entender o sentido daquilo que estou fazendo. Mas, se existir um objetivo adiante, um propósito maior, esse desgaste será compensado pelo resultado.

Resiliência, disciplina e coragem.

5. Não procrastine seus sonhos

A procrastinação contínua é um distúrbio. Ela é, acima de tudo, um indicador de que a pessoa tem medo de realizar aquilo. Isto é, ela tem um temor, porque se realizar o que tanto desejou, pode não ser aquilo que, de fato, vai felicitá-la.

A batalha sem fim: eu presente vs eu futuro

A procrastinação pode ser melhor descrita como o comportamento de agir contra o seu melhor julgamento. É quando você faz X quando sabe que realmente deveria estar fazendo Y.

É também quando você assiste a Netflix, mas sabe que deveria estar escrevendo seu livro ou estudando para a prova. Nesses momentos, seu eu presente não está alinhado com seu eu futuro .

Todos nós queremos realizar ou nos tornar muita coisa. Mas é extremamente difícil dar o próximo passo. Às vezes porque estamos dando o primeiro passo em muitas coisas ao mesmo tempo ou porque achamos que não é a hora de realizar. Sempre uma boa desculpa.

Acabamos nos tornando uma geração do “vou fazer” ao invés da geração do “já fiz”. Dessa forma, acabamos criando muita expectativa em torno de poucos resultados. Buscamos a felicidade à todo custo, mas muito pouco fazemos e muito procrastinamos para realmente fazer.

“Um dia vou sê-lo”, “um dia vou fazê-lo”… Isso, evidentemente, ajuda a movimentar as nossas intenções e ações, mas também precisamos percorrer o caminho. Enquanto aguardamos aquilo que virá, não podemos deixar de viver aquilo que pode ser vivido agora.

Não faz sentido ficar somente na espera.

Para a maioria das pessoas, a procrastinação é uma questão de falta de clareza. Quando você não tem clareza sobre o que exatamente precisa trabalhar, quando deveria estar trabalhando e fazendo isso de forma eficaz, por que você precisa fazer isso em primeiro lugar e quais são suas prioridades, você, apenas: “vou procrastinar”. Simples assim.

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Assim, quando algum desses fatores não estiver claro, seu cérebro começa a dizer que é muito difícil, muito desconfortável e vai custar muita energia para trabalhar em suas tarefas, então vai começar a convencê-lo a fazer algo mais fácil, como assistindo Netflix.

Se você já está realizando alguma ação (por menor que seja), é muito mais fácil continuar realizando ou mesmo aumentar o ritmo. No entanto, quando você não está agindo, está essencialmente parado.

De acordo com os princípios da física, um objeto parado é muito mais difícil de se movimentar. Exige muito mais força de vontade e mental para começar.

Nos momentos em que estamos parados, a procrastinação encontrará seu caminho para se infiltrar novamente. Quanto mais esperarmos para ganhar impulso, mais forte se tornará a voz interior de resistência.

Portanto, é fundamental que comecemos a entrar em movimento e obter algum impulso atrás de nós. Assim que tivermos impulso, não queremos parar. Não queremos procrastinar. Queremos nos mover, agir, nos apressar e fazer as coisas.

Autor:
Clara Carvalho

Referências