3 de setembro de 2020
A relação entre jejum e performance cognitiva

by:Caffeine Academy

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Você sabia que comer menos nos deixa mais produtivos? Pois é, talvez por isso o jejum intermitente se tornou uma tendência alimentar nos últimos anos.

Apesar de ser considerado “moda”, o jejum é uma prática altamente benéfica para o corpo como um todo e deveria fazer parte da vida de muitas pessoas. Poucos sabem que esse método não ajuda apenas na perda de peso, mas também atua na redução do risco de algumas doenças cardiovasculares e câncer, beneficiando também nossa mente.

O jejum tem ações extraordinárias no cérebro e isso é evidenciado pelas mudanças neuroquímicas que acontecem durante esse período de restrição que aumenta a função cognitiva, os fatores neurotróficos, a resistência ao dano e reduz a inflamação.

Entenda a ciência por trás do jejum intermitente e como ele age diretamente na nossa cognição.

O que é jejum intermitente?

Primeiro, é importante ressaltar que jejum intermitente não é dieta. Essa prática é baseada no simples ato de não comer por um determinado período de tempo.

Ou seja, ao praticar esse tipo de jejum, as janelas de tempo em que você pode comer são restritas e há períodos prolongados com pouca ou nenhuma ingestão de alimentos.

Existem diferentes métodos de realizar o jejum intermitentes, o mais conhecido é a restrição alimentar por um longo período de horas. Nesse caso, a pessoa fica sem comer por 16 horas todos os dias e se alimenta apenas durante as oito horas restantes.

Outro padrão alimentar muito comum desse tipo de jejum é o “5:2”, no qual é permitido comer normalmente por cinco dias da semana, mas há dois dias não consecutivos da semana em que se come muito pouco ou nada.

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Quais os benefícios do jejum intermitente?

Quando há uma restrição alimentar por um período de 12 a 20 horas, é tempo suficiente para que ocorra uma alteração no metabolismo energético. Isso significa que o nosso corpo começa a liberar mais do chamado hormônio do crescimento (GH).

Esse hormônio, além de estimular o crescimento celular, diminui o percentual de gordura corporal, aumenta a síntese proteica, a reparação celular e a performance cardiovascular.

O GH também reduz a inflamação no corpo e estimula a regulação da autofagia, processo no qual ocorre uma limpeza e reciclagem de componentes celulares não utilizados ou danificados, promovendo a saúde das células e reduzindo o risco de desenvolver doenças, como Alzheimer ou câncer.

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Durante o jejum, os níveis de insulina no sangue também caem drasticamente, desta forma o organismo precisa buscar uma nova estratégia para garantir a disponibilidade de substratos energéticos para o cérebro.

É neste momento que o fígado aumenta a produção dos chamados corpos cetônicos. Estes compostos, que normalmente são produzidos em pequenas quantidades, são liberados na corrente sanguínea e são captados pelo cérebro e outros tecidos para serem metabolizados.

Por que o jejum aumenta o poder do cérebro?

De fato, os corpos cetônicos são eficientes para a nutrição cerebral em períodos de jejum prolongado, e sua produção aumenta à medida que o quadro de hipoglicemia se intensifica.

O jejum intermitente também estimula maior produção de uma proteína chamada fator neurotrófico derivado do cérebro, ou apenas BDNF, que exerce vários efeitos no sistema nervoso central, como crescimento, diferenciação e reparo dos neurônios.

O BDNF é produzido normalmente durante toda a vida para preservar as funções essenciais do cérebro, como o aprendizado e a memória. No entanto, a elevação de seus níveis está relacionada com uma melhor saúde cerebral, resultando na alta performance da memória e das funções executivas.

Jejum intermitente e performance cognitiva

Por fim, todos esses processos exercem um efeito significativo sobre o nosso corpo e cérebro, promovendo uma vasta gama de mudanças a nível celular e atingindo muitos sistemas metabólicos, tais como:

  1. Estimulo a produção de novas células nervosas;
  2. Aumento da habilidade das células nervosas de reparar DNA;
  3. Maior produção de cetonas, aumentando o número de mitocôndrias nos neurônios, melhorando assim o aprendizado e a memória;
  4. Aumento dos níveis de fatores neurotróficos;
  5. Formação e fortalecimento das sinapses.

Assim, podemos reafirmar que o jejum leva a uma melhora na capacidade cognitiva devido as mudanças bioquímicas provocada no nosso cérebro, causando aumento de produtividade, sensação de maior agilidade mental e capacidade de concentração.

IMPORTANTE: Apesar de parecer uma prática simples e acessível, o jejum intermitente não é para todos e só deve ser praticada por pessoas saudáveis, que tenham uma alimentação equilibrada e pratiquem exercícios físicos regularmente. Além disso, deve ser realizado de forma planejada sob a orientação de um profissional especializado.

Autor:
Caffeine Academy