APRENDER:

1. adquirir conhecimento (de), a partir de estudo; instruir-se.
2. adquirir habilidade prática (em)

“Se conhecimento é poder, aprender é um superpoder” - Jim Kwik.

Direi apenas o que todos estamos pensando: estudar leva muito tempo. Aprender é um processo difícil.

Desde o dia do seu nascimento, você é um aprendiz - tudo precisa passar por um processo de aprendizagem até se tornar algo familiar e replicável, seja através de ações básicas, como o simples ato de andar as atividades mais finas.

E nesse mundo em rápida evolução com informações abundantes, aqueles que podem aprender rapidamente ganham CONHECIMENTO e TEMPO, e o tempo é uma das nossas maiores preciosidades.

Tempo + Conhecimento = PODER E LIBERDADE

Já parou para pensar que nenhum de nós foi ensinado sobre como funciona o processo de aprender? Recebemos uma série de conteúdo desde a infância, somos cobrados, gastamos nosso tempo e muitas vezes o processo não ocorre como planejamos.

A maioria de nós confia em técnicas "intuitivas", como reler, fazer anotações, resumir e destacar para passar por nossos exames. Mas, como mostra o crescente corpo de pesquisas acadêmicas, essas técnicas são, em sua maioria, ineficazes.

Você pode pensar em aprender como algo semelhante a construir uma parede de tijolos; se você empilhar os tijolos muito rapidamente sem deixar a argamassa entre cada camada solidificar, você não vai acabar com uma parede muito boa.

Existem algumas armadilhas de aprendizagem extremamente comuns que podem atrapalhar o processo. Antes de querer aprender, fuja das armadilhas!

Armadilha de autoridade

A armadilha de autoridade refere-se à tendência de acreditar que alguém está correto simplesmente por causa de seu status ou prestígio. Como um aluno eficaz, é importante manter a mente aberta e ser capaz de entreter várias ideias contraditórias. 

Este é especialmente o caso quando você começa a se aprofundar em um campo de estudo, onde certas questões ainda estão sendo debatidas. Manter a mente aberta e fazer referência a vários recursos é fundamental para formar os modelos mentais certos.

Viés de confirmação

Apenas buscar conhecimento que confirme crenças existentes e desconsiderar contra evidências. Se você concordar com tudo que está aprendendo, encontre algo com o qual discorda para misturar as coisas.

Multitarefa

Alternar constantemente entre tarefas e modos de pensamento. Quando você está aprendendo, é importante se concentrar totalmente no material de aprendizagem disponível. Ao permitir que sua atenção seja sequestrada por notificações ou outras tarefas menos importantes, você perde a capacidade de entrar em um estado de fluxo.

Ilusão de fluência

Aprender algo complexo e pensar que o compreende. Por exemplo, você pode ler pensando que entende então, quando testado, você não consegue obter nenhuma das respostas corretas.

Portanto, ter algum tipo de ciclo de feedback para verificar sua compreensão é a maneira mais rápida de neutralizar isso. Outra maneira seria explicar o que você aprendeu para alguém mais sábia naquele assunto do que você.

Existem 3 pilares importantes na formação do aprendizado:

1. MENTALIDADE DE CRESCIMENTO
2. COMPREENDER
3. RECORDAR

1. Desenvolva uma mentalidade de crescimento

Desenvolver a mentalidade certa para a aprendizagem é o primeiro e mais importante passo que você pode dar para se tornar um aluno melhor. Se antes de começar sua jornada de aprendizado, você já diz a si mesmo que esse assunto não é para mim, ou que não sou uma pessoa de matemática / música / informática, então essa será uma profecia que se auto realiza.

Você deve primeiro acreditar que pode aprender antes de aprender. Pessoas com uma mentalidade fixa pensam que nascem com habilidades específicas e, se não nascerem com essas habilidades, nunca serão boas nisso. 

Pessoas com código mental construtivo são o oposto. Eles acreditam que podem ser o que quiserem com esforço suficiente. Dê uma olhada nesta ótima ilustração abaixo para entender as diferenças entre as mentalidades fixas e de crescimento.

Ninguém nasce com conhecimento de álgebra, experiência em aprendizado de máquina ou talento atlético. Todos os especialistas em suas áreas aprendem seus ofícios por meio de práticas e aplicações. Acreditar que você pode crescer e se tornar o que quiser é o primeiro passo para se tornar essa pessoa.

2. Compreensão

“Se você tem uma estrutura ampla, tem um lugar para colocar tudo... Portanto, o conhecimento incremental é muito mais fácil de manter de forma rica... No início é muito assustador, mas depois, conforme você obtém o tipo de escopo, todas essas peças se encaixam.” - Bill Gates

A compreensão é a primeira e mais importante etapa no aprendizado. Sem um modelo mental sólido de como os pedaços que você está aprendendo se encaixam, será mais difícil retê-los. 

As coisas precisam fazer sentido!

A melhor forma de aprender um conteúdo de forma duradoura é estudando de forma ativa. Como assim?

Estudar de forma ativa nada mais é do que se envolver com a informação que está chegando até você. Em outras palavras - testando-se. Teste se você aprendeu. Não adianta apenas consumir passivamente o conteúdo, infelizmente, não há como aprender por osmose.

Todas as vezes que um conteúdo chega até você, pergunte “Por que?” ou “O que é isso?”

Se você não souber explicar, provavelmente não compreendeu! Decorar só tornará o processo mais difícil. A forma mais fácil de te mostrar pragmaticamente que você aprendeu um conteúdo é ensinando.

Feyman foi um físico que desenvolveu uma metodologia que é validada pelo mundo a fora: em seus estudos, ele provou que ao estudar um conteúdo e em seguida se tornar capaz de explicá-lo para uma criança de 5 anos irá garantir que independente da complexidade do tema você compreendeu.

É como embaralhar um quebra-cabeça e montá-lo do zero, apenas com a visualização da imagem, ou seja, descontruir algo difícil - visualizar com olhar crítico, interpretar e transformar em uma sucessão lógica de fatos que até mesmo uma criança entenderia.

Na pirâmide do aprendizado, somos capazes de reter 90% do conteúdo ao explicarmos algo a alguém. Em comparação, uma simples leitura apenas traria 10% de retenção de aprendizado.

Se eu te disser que o simples fato de estudar de maneira diferente da que você está habituado lhe custará menor tempo, maior rendimento e performance?

Uma metanálise de 2013 avaliou 3 estudos que compararam 2 perfis de grupos. O primeiro grupo utilizando métodos passivos para aprender vs o segundo grupo utilizando métodos ativos de estudo.

Como resultado, o grupo que estudou ativamente, se envolveu e criou seu próprio modo de compreender teve uma melhora de 30% na performance.

3. Recordação

"Eu leio e esqueço, estudo e esqueço... nunca consigo lembrar! Será que tenho algum problema?" - disse você.

Todos nós pensamos dessa forma. Por vezes passamos longos períodos estudando, porém quando necessitamos recuperar a informação parece que ela nunca existiu! E todo esse processo gera frustração.

Mas esse problema não é seu. Esse problema é do mundo inteirinho. Vamos falar sobre uma técnica para nos auxiliar a lembrar: ESPAÇAR.

Lembra dos tijolos?  Espaçar o seu aprendizado permite que aquela “argamassa mental” tenha tempo de secar. Ao introduzir intervalos de tempo entre as sessões de estudo, você pode se lembrar mais - mesmo que passe menos horas estudando.

Isso é chamado de repetição espaçada e pode ser a técnica mais poderosa que existe para melhorar a capacidade do cérebro de lembrar o que você estuda.

A repetição espaçada potencializa um fenômeno de memória denominado efeito de espaçamento, que descreve como nosso cérebro aprende com mais eficácia quando espaçamos nosso aprendizado ao longo do tempo.

Qualquer tipo de informação se beneficia desse tipo de prática espaçada - que é algo que conhecemos desde o nascimento da ciência da memória, há mais de 130 anos.

No final da década de 1880, um psicólogo chamado Hermann Ebbinghaus foi capaz de mapear a taxa em que as memórias “decaem” ao longo do tempo.

Ele mostrou essa taxa de decaimento em um gráfico chamado ‘Curva de Esquecimento’ que mostra que após uma primeira sessão de aprendizado, em um dia já se tem uma queda importante da retenção do aprendizado.

Estudos mostram que podemos esquecer até mesmo 100% do conteúdo em cerca de 6 dias se não revisitarmos o material estudado.

Com qualquer número considerável de repetições, uma distribuição adequada delas ao longo de um espaço de tempo é decididamente mais vantajoso do que agrupá-las de uma só vez. A repetição espaçada atenua os efeitos da Curva do Esquecimento.

Quando você revisita rapidamente o material várias vezes, as informações que você retém se fortalecem, em vez de desaparecer rapidamente. Mas existem coisas que nós não esquecemos não é mesmo?

Como endereço do nosso primeiro lar, um telefone de alguém, uma placa de carro. Não se sabe porque, mas a memória está por lá.

Nosso cérebro escolhe o que ele quer armazenar por relevância para seu repertório. Novos estudos apontam que existem 2 forças diferentes quando o assunto é reter memórias:

Força de armazenamento e força de recuperação.

A força de armazenamento

Essa não diminui com o tempo. Depois que a informação é adquirida e o cérebro considera que ela atingiu algum limite de importância, ela permanece armazenada. A força de armazenamento pode aumentar por meio de repetição do conteúdo diversas vezes.

A força de recuperação

Habilidade de acessar uma memória que foi armazenada. Sem relevância para o cérebro essa capacidade de acessar a memória desaparece. É algo inconstante e precisa de manutenção regular, se você não revisitar, a memória desaparecerá.

Entenda que o ato de “esquecer” é um problema de acessibilidade. A memória existe no armazenamento, mas você não consegue encontrá-la. Assim como um músculo, o cérebro pode aumentar e melhorar, com tempo e treinamento, as suas conexões e habilidade de recordar e associar conteúdos.

Da mesma forma que você dificulta o treino quando quer melhorar a performance, para melhorar o seu aprendizado, deverá dificultar o processo. Alguma 'quebra' deve ser feita para que possamos fortalecer o aprendizado quando revisitarmos o material.

Ou seja, sem se esquecer um pouco, você não terá nenhum benefício com um estudo mais aprofundado. É o que permite aprender a construir, como um músculo exercitado.

Sabe quando você fica alguns minutos tentando recordar uma informação que você tem certeza que sabe, mas não está lembrando naquele momento e de repente quando você lembra, parece um momento "EUREKA"?

Então, esse momento é um gatilho chave para seu cérebro optar por dar relevância a informação, pois bastante ATP foi gasto naquele momento.

Pierce J. Howard, autor do Manual do Proprietário para o Cérebro, explica:

“O trabalho que envolve funções mentais superiores, como análise e síntese, precisa ser espaçado para permitir que novas conexões neurais se solidifiquem. O novo aprendizado expulsa o aprendizado antigo quando intervém tempo insuficiente. ”

A repetição espaçada como técnica de retenção funciona porque você está contando com a maneira lenta, mas eficaz, do cérebro de reter melhor as informações.

É uma técnica simples, mas altamente eficaz porque interfere deliberadamente na maneira como o cérebro funciona. Isso força o aprendizado a ter esforço e, como os músculos, o cérebro responde a esse estímulo fortalecendo as conexões entre as células nervosas.

Passos para aprender

1. Primeiro, verifique seu humor. Você está com sono / agitado / chateado? Se sim, mude seu humor antes de começar a aprender. Isso pode ser tão simples quanto dar uma caminhada, beber um copo d'água ou tirar uma soneca.
2. Antes de se envolver com o material, tente ao máximo esquecer o que sabe sobre o assunto, abrindo-se para novas experiências e interpretações.
3. Enquanto aprende, mantenha um modo ativo de pensar e evite cair no aprendizado passivo. Isso consiste em questionar, estimular e tentar conectar o material de volta às experiências anteriores.
4. Enquanto estiver entediado ao estudar material, você pode buscar testes dinâmicos utilizando usando flashcards com repetição espaçada para converter o aprendizado em memória de longo prazo.
5. Assim que tiver uma boa compreensão do material, passe a ensinar os conceitos a outra pessoa. Pode ser um amigo ou até mesmo para sua câmera frontal do celular.
6. Para realmente definir o que você aprendeu, reproduza ou incorpore o aprendizado de alguma forma em sua vida. Isso pode envolver a escrita, transformando seu aprendizado em um mapa mental ou integrando-o a outros projetos nos quais você está trabalhando.

Sua jornada de aprendizagem

Desafiamos você a revisitar um antigo hobby ou projeto de aprendizado e empregar algumas das técnicas. Perceba que pode haver alguns tropeços ao longo do caminho e uma reversão para velhos hábitos, mas continue tentando e você verá em breve como as novas ferramentas em sua caixa de ferramentas de aprendizagem são eficazes!