A prática regular de exercícios está diretamente ligada ao bem-estar físico, mas sabia que essas atividades tão comuns possuem ação no seu cérebro e são capazes de melhorar sua saúde mental e suas funções cognitivas?

Pois é, as atividades físicas e as práticas corporais são importantes aliadas da saúde como um todo. Correr, nadar ou andar de bicicleta, por exemplo, oferecem benefícios para:

  • Fortalecer os ossos e músculos;
  • Melhorar do condicionamento muscular e cardiorrespiratório,
  • Melhorar a qualidade do sono;
  • Induzir o controle de peso;
  • Controlar a pressão arterial e os níveis de açúcar no sangue;
  • Reduzir o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, osteoporose, fibromialgia, alguns cânceres, entre outras doenças;
  • Melhorar o humor;
  • Reduzir o estresse;
  • Elevar a autoestima e a sensação de bem-estar;
  • Aumentar a expectativa de vida.

O que nem todos sabem é que uma das maneiras pelas quais os exercícios promovem a saúde mental é normalizando a resistência à insulina, aumentando os hormônios e neurotransmissores naturais associados ao bem-estar e ao controle de humor, entre eles endorfinas, serotonina, dopamina, glutamato e GABA.

O estresse e a atividade física

A prática de exercícios físicos, além de promover a síntese de neurotransmissores e hormônios, também ajuda a metabolizar substâncias associadas ao estresse, que podem desencadear patologias, entre elas à depressão.

Isso porque, o estresse e nervosismo causados por eventos negativos do dia a dia liberam uma maior quantidade de cortisol (produzido pelas glândulas suprarrenais) no nosso organismo.

Nessas ocasiões, quando o nível de cortisol permanece alto por muito tempo ele desencadeia problemas de saúde. O cortisol também provoca sintomas físicos, como problemas digestivos.

Isso porque o corpo está priorizando sua resposta ao estresse, e qualquer coisa que não seja essencial para a sobrevivência imediata fica em segundo plano – incluindo o sono.

Assim, em contraste com o estresse psicológico (mau), o estresse causado por uma atividade física (bom) está associado com a inativação do cortisol, aumentando a síntese de anandamida, uma substância do sistema canabinóide que atua na regulação de várias atividades do sistema nervoso central.

Ainda há evidências sugerindo que o aumento dos níveis de anandamida durante o exercício pode ser um dos elementos-chave para o incremento de BDNF (Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro).

O BDNF exerce efeitos benéficos sobre a cognição através da sua capacidade de aumentar a neurogênese, como também em processos relacionados à plasticidade cerebral, como a memória e o aprendizado.

A sensação de felicidade após atividade física

A atividade física também estimula o corpo a produzir outra substância: a serotonina. Conhecida como “o hormônio da felicidade”, a serotonina atua na regulação do humor, sono, apetite, ritmo cardíaco, temperatura corporal, sensibilidade e funções cognitivas.

Por isso, quando se encontra numa baixa concentração, pode causar mau humor, dificuldade para dormir, ansiedade ou mesmo depressão. Além disso, quando praticamos esportes, nosso corpo libera endorfina, um hormônio que provoca a sensação de prazer e bem-estar.

O grande “barato” experimentado por quem pratica exercícios físicos, principalmente os que oferecem sensação de liberdade e energia - como a corrida ao ar livre, também está associada a um mecanismo de recompensa ativado pela leptina.

Os níveis mais baixos de leptina induzem maior produção de dopamina, que é o neurotransmissor responsável pela sensação de recompensa. Assim, ao praticar atividade física ocorre também as sensações de euforia e satisfação, como o que sentimos depois de comer uma grande e deliciosa refeição, por exemplo.

A atividade física e a longevidade

Por fim, mas não menos importante, a prática de atividade física é fundamental para um bom desempenho das funções executivas ao longo da vida. De fato, umas das consequências do envelhecimento é o declínio do sistema nervoso central.

Essa situação pode acarretar na lentidão de respostas motoras, cognitivas e de função executiva em idosos, colocando-os em situações de dificuldades para lidar com as demandas cotidianas, como dirigir de forma segura, andar na rua ou em casa de forma atenta a não se expor a riscos, e compreender instruções, por exemplo.

Segundo pesquisadores da Universidade de Harvard: “As pessoas idosas possuem uma maior dificuldade em fazer uso da informação sensorial, em detectar e corrigir erros, e em controlar as ações motoras quando se deparam com exigências do ambiente em que vivem”.

Assim, os praticantes de atividade física apresentam maior preservação das funções executivas, além de resposta significativamente mais rápida relacionadas a impulsos, memoria e planejamento.

Nesse contexto, podemos concluir que praticar exercícios físicos regularmente fornece diversos benefícios para sua saúde física, mas também atua diretamente no pleno funcionamento da sua mente a curto e longo prazo.

Hoje em dia, a atividade física representar um ganho importante frente a prevenção de doenças crônicas, a depressão, ao envelhecimento, entre outros fatores. Mudar seu estilo de vida e tornar a prática do exercício um hábito pode ser a peça fundamental para viver sua melhor versão.