Viver bastante é um desejo universal, mas o que você tem feito - ou deixado de fazer - para alcançar essa longevidade em sua melhor versão? Já pensou que pequenas mudanças de hábitos podem acrescentar mais saúde à sua rotina e aumentar seus anos de vida de forma significativa?
Talvez você ainda não tenha conhecimento, mas este é o objetivo da chamada Medicina de Estilo de Vida, do inglês “Lifestyle Medicine”. Popular nos Estados Unidos, a prática vem ganhando adeptos no Brasil e mostrando seus benefícios na promoção e manutenção da saúde. Conheça!
O que é Medicina do Estilo de Vida?
A Medicina do Estilo de Vida é uma prática clínica multiprofissional que visa ajudar o paciente na adesão e gerenciamento de hábitos saudáveis para prevenção, tratamento ou cura de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), principalmente doenças cardiovasculares, diabetes, doença pulmonar crônica e diferentes tipos de câncer.
Apesar de não ser uma especialidade médica, muitos profissionais vem capacitando seus conhecimentos e habilidades nos pilares que apoiam a Medicina do Estilo de Vida, combinando tratamento medicamentoso com mudanças de comportamento eficazes para uma melhor qualidade de vida.
Basicamente, na medicina tradicional o foco era voltado para a doença e o tratamento dos sintomas. Hoje em dia, essa visão está mais direcionada na promoção da saúde geral de modo contínuo, tratando as causas das patologias de uma forma mais ampla e integrativa.
De acordo ao Colégio Americano de Medicina de Estilo de Vida (American College of Lifestyle Medicine), a Medicina do Estilo de Vida é o uso de intervenção terapêutica de estilo de vida baseada em evidências - incluindo alimentos integrais, padrão de alimentação predominantemente vegetal, atividade física regular, sono restaurador, controle do estresse, prevenção de substâncias de risco e conexão social positiva.
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Pilares da Medicina do Estilo de Vida
A prática da Medicina do Estilo de Vida é baseada em seis pilares essenciais para manter o equilíbrio e uma vida mais saudável em um cenário clínico, são eles:
- Alimentação
- Sono
- Atividade física
- Controle de tóxicos
- Manejo do estresse
- Relacionamentos
Entenda melhor sobre cada um dos pilares da Medicina do Estilo de Vida.
Alimentação
Como disse o filósofo grego Hipócrates, há 2 mil anos: "Que o alimento seja o seu remédio e, o remédio, o seu alimento". O alimento é o combustível das nossas células, dos nossos órgãos, do nosso corpo como um todo.
Comida de verdade, que vem da natureza de forma integral, é o melhor remédio para uma vida saudável, sendo capaz de nos desintoxicar, nos revigorar e nos reenergizar. Comer bem, significa diminuir o consumo de alimentos industrializados e aumentar o de vegetais, frutas, feijão, lentilha, grãos inteiros, nozes, sementes e tudo que é rico em nutrientes.
Aqui estão algumas dicas do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida (CBMEV), para manter uma boa alimentação:
- Dê preferência a alimentos de origem vegetal, naturais e integrais;
- Minimize o consumo de alimentos de origem animal e superprocessados;
- Adote uma dieta com variedade de vegetais, frutas, leguminosas, castanhas, sementes e especiarias .
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Sono
Como sempre falamos, o sono é algo natural e essencial para nossa sobrevivência. Na verdade, o sono é o melhor truque de saúde que temos. Com uma conexão com quase todos os sistemas do seu corpo, ele afeta desde a sua digestão até a regulação de açúcar no seu sangue.
O sono é fundamental para manter a imunidade e melhorar a qualidad. Alguns estudos já correlacionam a falta de sono com o aumento do risco de desenvolvimento de doenças crônicas como obesidade, câncer, artrite, tireóide hiperativa, derrame e Alzheimer.
Porém, infelizmente esse pilar tem se tornado um problema global cada vez maior. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgados em 2019, a insônia afeta 40% dos brasileiros e 45% da população mundial.
Agora que você sabe da importância e do quanto a falta de sono é prejudicial para o seu organismo como um todo, te perguntamos, queremos saber: como anda a sua relação com o sono?
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Atividade física
Nas últimas atualizações da OMS sobre o assunto, são necessários apenas 150 minutos semanais (ou 30 minutos diários) de atividade física para se obter bons resultados na saúde.
Infelizmente, cerca de 48% da população brasileira é considerada sedentária e esse estilo de vida leva a inúmeros outros problemas crônicos, como a obesidade. De acordo ao Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida (CBMEV), a atividade física, mesmo que não esportiva, tem efeito na prevenção, tratamento e até reversão de doenças.
Abandonar o sedentário e adotar uma rotina mais ativa pode te ajudar a:
- Fortalecer os ossos e músculos;
- Melhorar o condicionamento muscular e cardiorrespiratório,
- Melhorar a qualidade do sono;
- Induzir o controle de peso;
- Controlar a pressão arterial;
- Regular os níveis de açúcar no sangue;
- Melhorar o humor;
- Reduzir o estresse;
- Elevar a autoestima;
- Aumentar a expectativa de vida.
Saiba porque praticar atividade física traz menos estresse e mais felicidade
Controle de tóxicos
O que você considera tóxico para o seu organismo? Talvez, a primeira coisa que vem à cabeça são as drogas ilícitas e outros químicos mais agressivos! No entanto, nesse pilar enquadra-se diferentes elementos como o uso excessivo de aparelhos eletrônicos, medicamentos e alimentação, por exemplo.
A longo prazo, todos esses maus hábitos podem causar inúmeros efeitos negativos. Na Medicina do Estilo de Vida, o papel dos profissionais é, justamente, levar esse tipo de conhecimento aos pacientes, para que o objetivo de reduzir ou eliminar completamente os hábitos tóxicos seja feito de forma segura e gradual.
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Manejo do estresse
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 9,3% da população brasileira é considerada ansiosa. Novos dados mostram que 86% dos brasileiros sofrem com algum transtorno mental, como ansiedade, estresse e depressão.
O manejo do estresse, e de outros tópicos ligados à saúde mental, é um importante fator no cuidado com a saúde. A forma como reagimos aos acontecimentos do dia a dia impactam positiva ou negativamente na produção de cortisol.
A alta concentração desses hormônios, no longo prazo, é um fator importante no desenvolvimento de sintomas crônicos, desde dores de cabeça comuns até a resistência insulínica, hipertensão, infertilidade, ansiedade, depressão, infertilidade, maior suscetibilidade à doenças infecciosas por prejuízo do sistema, etc.
Leia mais em Como enfrentar a ansiedade e diminuir o estresse
Relacionamentos
Quando falamos em relacionamentos, logo pensamos na forma como lidamos com os outros, porém, o ideal seria primeiramente olharmos à forma como lidamos com nós mesmos.
Mas porquê? Robert Holden, psicólogo que trabalha no campo da psicologia positiva e bem-estar afirma: “O relacionamento consigo mesmo dá o tom para todos os outros relacionamentos que você tem”. Ou seja, o autocuidado ajuda a manter saudável os outros relacionamentos.
Aqui, acreditamos que, quando a gente cuida de nós mesmos, estamos mais prontos a cuidar melhor do outro. Além disso, precisamos cuidar também dos meios que andamos e das pessoas que nos cercamos.
A essência do ser humano é estar em círculos sociais aos quais ele se identifica e sente um senso de pertencimento. Consequentemente, estar rodeado de pessoas com propósitos e estilo de vida parecido com o que buscamos, nos deixa mais saudáveis e felizes.
Um estudo feito pela Universidade de Harvard nos EUA, constatou que relacionamentos trazem felicidade às pessoas. Inclusive, esses laços aumentam a expectativa de vida e adiam prejuízos físicos e cognitivos.
É quase como um raciocínio lógico. O contrário também é certo: o isolamento e a solidão são associados com maior chance de desenvolver doenças. Em 2015, a Association for Psychological Science mostrou, por meio de uma revisão de 70 estudos, que pessoas solitárias tinham 26% e 33% mais risco de morrer nos próximos sete anos.
O que você tem feito para manter a saúde dos seus relacionamentos e, consequentemente, a sua saúde?
Entenda Por que hábitos de autocuidado devem ser parte de sua rotina de bem-estar?
Qual a importância da Medicina de Estilo de Vida?
Comportamentos e estilo de vida não saudáveis estão entre os principais fatores de risco para morte precoce ou incapacidade crônica. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 80% das doenças cardíacas, derrames e diabetes tipo 2 e 40% do câncer poderiam ser evitados, principalmente com melhorias na dieta e no estilo de vida [1].
E como Medicina do Estilo de Vida se difere das outras disciplinas, ela se torna importantíssima na busca por vida com qualidade por ter uma abordagem baseada em evidências para prevenir e tratar doenças, focando na causa subjacente da doença, em vez de seus sintomas, que muitas vezes são tratados com quantidades cada vez maiores de pílulas e procedimentos.
Através da mudança consistente de hábitos e comportamentos que baseiam seus pilares, conseguimos não só prevenir doenças como tratar as principais patologias crônicas de hoje em dia, que são a nova epidemia. Focando muito mais na saúde e bem-estar como algo essencial na nossa rotina para uma vida longeva e feliz.
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